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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

A SEDA DO TEU CORPO

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O teu lânguido corpo sensual
Sempre envolto num manto sequioso
É presente e pretérito saudoso
Tem-me dado prazeres sem igual!

No teu corpo encontrei eu, afinal,
O desejo e o ardor voluptuoso
Que tornou nosso amor mais revoltoso
Do que as ondas de um forte temporal.

A seda tão brilhante como a lua
Que o teu corpo não perde nunca mais
Faz de ti uma diva sobre a terra.

No contacto co'a tua pele nua
Sinto como ninguém sentiu jamais
Os delírios que só o Céu encerra!

NUMA BIBLIOTECA

bibliotecavazio.jpg

Quem vê caras não vê os corações
Mas se estes são tal qual umas que vejo
Então pobres de nós que já prevejo
O malogro das boas intenções...

Caras feitas de duras expressões
Inibem nas pessoas o desejo
De não desperdiçar qualquer ensejo
Pra melhorar as úteis relações...

Numa biblioteca reina o frio
E no humor dos utentes um vazio
Se não for agradável o ambiente:

O rosto que sorri alegre e amável
E a atitude simpática e prestável
Acentam sempre bem em toda a gente!

A DESCRENÇA

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Não recebi de Deus qualquer sinal
Em que pudesse ver um dom divino
Pra que se cruze, enfim, o meu destino
Com o de Deus se Deus não me quer mal...

Não vi nada que fosse divinal
Nem coisa de bem nem de desatino
Não vejo agora nem vi em menino
Por onde é que anda o Deus celestial!?

Não compreendem por que sou ateu
E falam-me de um Deus que muito quer...
E nada dá a quem tudo lhe deu...

Num Deus que exige não deverei crer
Na 'sperança de hei-de entrar no Céu
Por isso não me posso converter!

REI DO FIM DO MUNDO

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Não há em Portugal uma princesa
Como não há um reino em Portugal
Numa tourada à velha portuguesa
Vai toureando um Duarte original!

Já vai causando imensa estranheza
Deste Duarte a causa irreal
Um pretendente a rei do Portugal
Republicano e livre da nobreza!

D. Duarte da terra prometida
Qual Israel errante e vagabundo
D. Quixote figura entristecida!

D. Duarte um homem oriundo
Dum reino em que o rei não tem guarida
D. Duarte é um rei do fim do mundo!

AS PALAVRAS

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Não é a solidão que mais me assusta
Nem sequer a razão da tua ida,
O que penosamente mais me custa
Foi tudo o que disseste à despedida!

Palavras rancorosas tão injustas
Saíram do teu peito empedernido,
Palavras elas ditas sem sentido
Tal como também tu hoje as refutas!

Mas as palavras partem com o vento
Quando sopra mais forte e arrasador
As tuas já ficaram ao relento!

Por isso vem depressa, meu amor,
Que viver mais sem ti já não aguento
A vida parou toda em meu redor!

PERDIDO NOS ACHADOS

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Naquele salão todo engalanado
Em que exalava o cheiro do absinto
Choravam muitas vozes, inda as sinto,
Quando triste cantavas o teu fado!

Como se adivinhassem sem saber
A cor do sofrimento que cantavas,
Choravam igualmente o que choravas,
Sentiam como tu o teu sofrer!

Uma nuvem tão negra se abateu
Sobre o teu coração apaixonado,
traído muita dor ele sofreu!

Contigo chora ele amargurado
Os dias tão felizes que perdeu
Um coração perdido nos achados

VIVERA ADORMECIDO

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Penetrei num castelo arruinado
Entre cujas paredes pressenti
As princesas vestidas de organdi
De que ouvira falar em qualquer lado!

Umas lindas princesas sequestradas
Nalguma iniciação de bacanais
As secretas orgias ancestrais
Lascívias amorosas perpetradas!

Pairava em redor uma nudez
Que tornava o meu corpo intumescente
Entre as lindas princesas envolvido

Imergi numa louca embriaguez
Jamais eu me sentira tão contente
Vivera até então adormecido!

OS TEUS OLHOS

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Nos teus olhos eu vejo a linda cor
Do azul celeste em dias de verão
E sinto renascer no coração
As cores também lindas do amor.

Teus olhos radiantes de esplendor
Lembram estrelas em constelação
E os meus que muito brilham de paixão
Ficam baços sem ti em meu redor.

As pérolas que trazes no teu rosto
Arredondadas tanto do meu gosto
São a beleza que mais me seduz.

Teus olhos que iluminam os meus passos
Pelos caminhos cheios de precalços
Do meu feliz olhar são também luz!

A COR DUMA VELHA IDADE

corvelhaidade.jpg

Quanto suor vertido nas estradas
E nas imensas ruas da cidade!
Nelas deixei a minha mocidade
E muitas ilusões desenganadas...

Quanta dor, quanta mágoa, nas passadas,
Em busca duma mera felicidade,
Em busca da quimérica amizade,
Que se negam às almas deserdadas...

Num negro subterrâneo me afundei:
Tão escura se tornou a claridade
Que tenho olhos que vêem mas ceguei...

( Aliás, o negro em que mergulhei
Não é mais do que a cor da velha idade,
À qual há muitos anos já cheguei!)

NUMA ANGÚSTIA PERMANENTE

 

A brisa da manhã beija-me o rosto.
Soprando num jardim em flor de 'sperança.
Em que passeio preso numa trança,
Urdidura amorosa dum desgosto...

Ao amor cada qual se encontra exposto.
O cupido se a sua flecha lança,
Inda que seja tarde nos alcança:
Quantas vezes ao Sol já quase posto!

O amor é um sentir que se renova,
Rejuvenesce tanto quem o sente!
Qual de nós não passou por essa prova?

É triste se o amor se torna ausente,
Mas se amamos alguém que nos reprova,
Vivemos numa angústia permanente...

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