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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

CONTEMPLATIVO

rochedos.jpg

Contemplo os rochedos imponentes
Alcantilados sobre um mar tão ameno
Que as ondas vão brincando inocentes
E eu me vou sentindo mais sereno!

Uma gaivota esvoaça atrás dum barco
Sulcando as águas que se tornam espumosas
E o olhar de tanta beleza cheio e farto
Já não se lembra das horas tristes e brumosas!

Ao longe vejo barcos de arrasto
Trilhando rotas bem definidas
Deixando atrás de si um longo rasto
Sobre as águas revolvidas.

O reflexo do sol sobre as águas
Desperta-me a atenção adormecida
E lavadas todas as mágoas
A minha alma emerge desoprimida...

Quero adormecer contemplativo
E de manhã de olhos bem acordados
Por esquecimento compulsivo
Não me recordar dos pesadelos sonhados...

PERCO O FIO À MEADA

noitevem.jpg

Uma nuvem muito triste
Escurece o meu olhar
Uma sombra que persiste
Em nunca mais me deixar.

Não consigo discorrer
Com suficiente clareza
Se tenho alguma certeza
Nem sequer me atrevo a crer…

Perco o fio à meada
E lá vou eu à procura
Procuro e não vejo nada
Além duma mancha escura…

Por vezes encontro um fio
Em demasia puído
E que por falta de brio
Há muito terei ‘squecido…

Amiúde escapa o interesse
Por aquilo que procuro
E tudo fica no escuro
Porque a memória se esquece.

Já mal posso suportar
O triste estado em que eu ando
Desespero sempre quando
A noite vem a chagar.

PAX DEI

paxdei.jpg

Quem do todo não faz parte
Ao todo já não pertence
É preciso engenho e arte
Pra que ao todo se regresse...

Quem não procura as palavras
Mas se deixa descobrir
Torna as ideias mais claras
E fáceis de transmitir!

Não faças orelhas moucas
Ao sopro que é mais ligeiro
As coisas jamais são ocas
Se o amor for verdadeiro!

As ideias se entrelaçam
Se completam e vão avante
Não queiras ficar distante
Dos afectos que te abrançam...

SICAR

sicar.jpg



Se um dia for a Sicar
Junto ao poço de Jacob
A sede eu hei-de matar
E limpar suor e pó.

Se chegar a Emaús
Lembrando a ressurreição
Eu beijarei esta cruz
Que me roça o coração!

Subindo ao monte Tabor
Inda que chegue cansado
Louvarei cheio de amor
A Jesus transfigurado!

Ao Céu espero chegar
Pela minha devoção
E a Jesus a mão beijar
Se esse for meu galardão!

É suave o jugo de Cristo
Que os crentes tomam em mão
Por isso não há razão
Pra corações tão ariscos...

A MINHA ALEGRIA

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Minha alegria, ela mora
Nalgum beco sem saída
Nunca vem cá para fora
Nunca pode ser sentida.

Nem festejo, nem festança
Nada meu 'spírito toca
Sou fuso que não tem roca
Nem uma ponta de esperança…

Ao arrepio da vida
Aqui vou eu cabisbaixo
Minha mágoa é tão sentida
Que me deixa sempre em baixo.

Percorri muitos caminhos
Da alegria indo em busca
Perdi os meus pergaminhos
A mim já nada me custa.

A eloquente Natureza
Tanto se esquece de mim
Que quase tenho a certeza
De que estou chegando ao fim.

Da alegria que é a minha
Mas não chegou a nascer
Inda antes de morrer
Quero sentir um nadinha!

OS GRANDES POETAS

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Se os versos dos grandes poetas
Nada mais têm que graça
Então deixam de ter metas
Todos os versos que eu faça.

Grande que seja a valia
Que aos próprios versos se empreste
Só existe poesia
Nos versos de quem é mestre.

Poetar que não encontra
A correcta construção
Ficando no faz-de-conta
Nunca encontra a perfeição.

Versos que têm poesia
Encerram ensinamento
E a sua grande mestria
Suscita deslumbramento.

Fica fora da poesia
Qualquer sujeito loquaz
Que se revele incapaz
De lhe captar a magia!

APRENDI A FAZER CONTAS

contas.jpg

Aprendi a fazer contas
As contas pus a aprender
Fazendo porém as contas
Vi que ficava a perder.

As contas não conseguiam
Aprender nada de inglês
E como não aprendiam
Aprendi eu outra vez.

Pus o inglês a estudar
Um pouco mais 'sperançado
Mas só vim a confirmar
Que continuava enganado.

O inglês não atinava
Com o estudo do francês
E aprendi mais uma vez
Tal como já suspeitava.

É o homem que aprende sempre
E não o que ele aprendeu
Aprende conforme a mente
Boa ou má com que nasceu!

FOI DEUS QUE ME FEZ ASSIM

tear.jpg

De quem não gosta de mim
Eu não gosto nem desgosto
Foi Deus que me fez assim
E assim mesmo de mim gosto.

Há tropeços que não venço
E azedumes figadais
Que não me atormentam mais
Que um pecado que confesso.

Lágrimas que são vertidas
Pelos arrependimentos
São as lágrimas tecidas
No tear dos sentimentos.

Qual procela que destrói
O que apenas é fortuna
Mal que não mata mas mói
É mal que mais importuna.

Não imagino nem minto
Só sigo o meu coração
Dizendo aquilo que sinto
Ouvindo a voz da razão!

PRECIPITADOS

teiasaranha.jpg



Falas sempre e não te calas
Falas e tudo misturas
E cansas as criaturas
Que caem nas tuas falas.

Fala menos e acertado
E tudo será melhor
Deixas de ser maçador
Vão-te ouvir com mais agrado.

De vidro tenho telhados
Penso e não posso acusar
Os que acusam sem oensar
São muito precipitados.

Falo muito mas sei ler
E escrever com com algum siso
E sou capaz de aprender
tudo o que seja preciso.

Um poeta pouco escorreito
Confuso e sempre engasgado
Satura mais um sujeito
Do que o meu palavreado.

Só faz bem a toda a gente
Ter bem claras as ideias
Vê lá se limpas as teias
Que trazes na tua mente!

O MESTRE

viseira.jpg



O mestre que tudo ensina
É o Deus filho do homem
Que ninguém não discrimina
Sendo Deus e sendo Homem!

Se o longe afasta o contacto
Há que saber inventar
E usar sempre bem o tacto
Para não se extraviar...

Uma dúvida é fatal
Não se pode recuar
Para trás só fica o mal
Mais não há do que avançar...

Rompendo velhas fronteiras
Diáfanas quando outrora
Encobertas por viseiras
Não se viam como agora...

Vence sempre o pescador
Que navega sobre as águas
E sabe curtir as mágoas
Tendo o mar ao seu redor!

Se o olhar se ergueu um dia
Deixá-lo outra vez baixar
Marcha à ré a navegar
Pra sempre se ficaria!

Tinha perdido o caminho
Que voltei a encontrar
Falou-me Jesus baixinho
No seu surdo segredar!

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