Um riacho no seu arrolho Lembrou-me que tinha sede Debrucei-me um tanto a medo O caminho debaixo de olho.
Tranzendo a espingarda ao ombro Um caçador se aproximou E para meu assombro de rompante perguntou: --- Que fazes na minha herdade O forasteiro atrevido? --- Para dizer a verdade Digo-lhe que ando perdido.
venho fugido da guerra Que não sei se já acabou Quero ir para a minha terra Que desta guerra eu não sou.
Dá cá um abraço, irmão As guerras também não me levam Que defendam a nação Os que com ela se governam!
A carícia que fazes no meu rosto O beijo que deposito na tua testa São o limar de uma nefasta aresta Que nos houvera um pouco indisposto.
Não sei por que razão às vezes corre mal O que entre nós é sempre tão forte Que me pergunto se um dia a própria morte Porá entre nós um ponto final.
Sabemos muito bem que não vale a pena Nos indispormos por um quase nada A vida é uma viagem tão pequena Que chegará ao fim numa saltada.
Vejo que já tens os teus olhos húmidos Talvez devido às palavras que não te digo Mas sabes que terás em mim um braço amigo Nos momentos felizes e nos infurtúnios.
Agora que estreitamente nos abraçamos O pulsar tão unidos dos nossos corações Diz-nos que no caminho por onde vamos Serão mais as horas boas do que as maldições!
O ruído dos teus passos já ao longe Desperta dentro de mim um não sei quê Uma auréola que me rodeia e não se vê Ainda assim dos meus olhos jamais foge.
É sempre renovada a incomparável visão Da tua imagem que ante mim se perfila Porque é sempre nova a emoção Que no meu corpo em suaves gotas se destila.
O quanto procurei pela vida fora! Uma imagem que à minha se ajustasse Quando te vi percebi sem demora Que o destino não me deixava que duvidasse.
Cantaram no céu as inefáveis aves Num chilrear que augura a eternidade Traziam no bico as ditosas chaves Que abrem as portas à felicidade!
Quando estou só a tua imagem me guia Seja qual for o tempo que faça Um vento bonançoso me desvia De uma qualquer possível desgraça !