MENOS DO QUE UM VINTÉM
Hoje vivo sem companhia
Pela cidade vagueio só
Mas não me falta alegria
De mim que não tenham dó.
Falo sozinho é verdade
Meditando naquilo que sou
Sofro de muitos a fealdade
Mas sigo bem por onde vou.
Não se alia a carne ao ferro
Nem os objectos ao homem
Os que me condenam ao desterro
Mais a si próprios se consomem.
Nesta ladainha é bem evidente
Uma e outra face da moeda
Não passa de tolo contente
Quem ao diálogo se nega.
Se falo é porque há dano
Que não me abate porém
Valem menos do que um vintém
Os que vivem sem traço humano.
A vida não pode ser
caminho que nada deve
Nem se pode converter
Num simplesmente come e bebe.
Erguendo os meus olhos vi
Com uns bons olhos de ver
Uma luz eu descobri
Que me ensinou a viver.
Na Natureza se vislumbra
O sinal que nos conduz
Vive sempre na penumbra
Quem não descobre a sua luz!