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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

ROUBOU-LHE A SEMENTEIRA

Começámos com uma valsa

Mas outra seria a dança

A promissora esperança

Que me deu não era falsa.

 

Mal me aflorou um inchaço

Logo me agarrou na mão

Me levou a um terraço

E ajoelhou-se no chão.

 

De joelhos como quem resa

Uma devota oração

Arregaçava a sua presa

Descendo e subindo a mão.

 

Chegada a hora derradeira

Beijou a presa em brasa

Menteu-a dentro de casa

E roubou-lhe a sementeira...

DEBAIXO DA SUA SAIA

Pondo os olhos na laranjeira

Que subia indo às laranjas

Vi umas cuecas de franjas

Numas pernas de feiticeira.

 

Admiti que não sabia

O que me estava a causar

Mas ainda quando descia

Surpreendi o seu olhar...

 

Avançando sorridente

Olhos cheios de convicção

Estava ali na minha frente

O caminho da perdição.

 

Apanhando a laranja caída

Como se fossem conchas na praia

Debaixo da sua saia

Outra fruta foi colhida... 

O OUTRO LADO

Os seus dedos ardilosos

Já me faziam crescer

E os lábios sequiosos

Ajudaram-me a erguer.

 

Acolheu o crescimento

Com o peito ao meu colado

Fez um subtil movimento

E eu entrei no outro lado.

 

Abandonei no outro lado

O que já não me pertencia

Mas pouco tempo passado

O desejo se reacendia.

 

Um desejo depravado

A que por nada resistia

Irrompi pelo outro lado

Sem saber o que fazia...

O MASTRO

 

A tua cabeça desceste

Quando me sentiste ao rubro

A razão por que o fizeste

Nem quero ver se descubro.

 

Os teus lábios sedentos

Sobem e descem o mastro

Que sucumbe aos movimentos

E atrás de si deixo lastro.

 

Jamais me vinha à ideia

Que a tua boca travessa

Gostasse de ficar cheia

e de sugar a remessa.

 

Ajoelhas-te junto à cama

E só deixas de o trepar

Quando o mastro perde a chama

E eu já vi  estrelas no ar... 

UM GRITO ALTO

Sob as nuvens quase brancas

E a luz difusa da lua

De costas e toda nua

Acolheste me entre as ancas.

 

Nada ficando por certo

Nessa noite de loucura

Vejo-me a sonhar desperto

Que vens à minha procura.

 

Anseio por viver de novo

O que tanto me enlouqueceu

E sentir que me dissolvo

No melhor que alguém deu.

 

Um rumor um sobressalto

O teu dorso que me anima

E já solto um grito alto

Tendo o meu peito por cima...

O MEU COMPROMISSO

Por mim passaste a correr

E tu nem sequer me viste

Por isso fiquei mui triste

E a pensar no que fazer.

 

Julguei que tu já sabias

Como anda o meu bem querer

Mas se agora o contrarias

Como é que eu hei-de saber?

 

Vou passar à tua rua

Bem junto à tua janela

Quiça posso ver-te nua

Ao dar uma espreitadela.

 

Se ao espreitar deres por isso

Talvez tudo se decida

Caso tu me dês guarida

Dar-te-ei o meu compromisso!

A TUA MARCA

Deixaste em mim a tua  marca

No dia em que nós dois caímos

Naquela palha seca e farta

E felizes de lá saímos.

 

Olho para ti e revejo

Uma donzela afogueada

Em cima da palha deitada

Que morre e provoca desejo.

 

Ainda me recordo bem

Do teu arfar e dos gemidos

Quase abafavam os ruídos

Que chegavam de mais além.

 

Inefável esta memória

De que falo com meus botões

Verdadeiro dia de glória

Bálsamo nas desilusões!

POR UNS SEGUNDOS

Roubei-te aquele beijinho

Ao passares entre as sebes

Agora tu já percebes

Que ando preso plo beicinho.

 

O gosto da tua face

Que eu osculei com ternura

Nos meus lábios inda dura

Nem me parece que passe.

 

Não percebo por que evitas

Um novo encontro entre nós

Se avançar de mais tu gritas

Quando estivermos a sós.

 

Ande lá por onde andar

Os teus lábios tão carnudos

Morrerei se não beijar

Ao menos por uns segundos!

NADA CUSTA

Tenho-te aqui bem apertada

Entre os meus braços que são teus

Sei que partes não tarda nada

Oxalá não seja um adeus.

 

Até breve é sempre o que dizes

Mas não voltas com brevidade

Ainda assim somos felizes

Nem que seja pela amizade.

 

Uma amizade bem robusta

Quando um no outro nós estamos

És tão versátil convenhamos

ser teu amigo nada custa.

 

É sempre muito o que me dás

Contigo entro num labirinto

Donde sair sou incapaz

De tão bem que por lá me sinto!

MÃOS ATREVIDAS

Passaste bem só por amiga

Até que estendeste a tua mão

E agarrando a minha ereção

Foi outra atua cantiga.

 

De ti o que sei são nadas

Da tua mão estou mais sabido

Ereções tão prolongadas

Ainda não as tinha tido.

 

A tua mão não é egoista

Por isso tanto lhe faz

Que eu procure uma outra pista

À frente em cima ou atrás.

 

Mas é ela a preferida

Com direito a cortesia

A tua mão atrevida

Jamais deixarei vazia... 

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