Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

BRISA DE ESPERANÇA

Perante toda esta água

Tão azul e muito lisa

Se trazia alguma mágoa

Sinto que já se ameniza.

 

Sobre o espelho da baía

Gaivotas em ritual

Fazem muita gritaria

Como é de seu natural.

 

Atracado na foz do rio

Vai recebendo a sua carga

Um gigantesco navio

Ao passo que um outro larga.

 

Da imensa vastidão

Até onde a vista alcança

Me aconchega o coração

Uma brisa de esperança!

A MORRAÇA

IMG_1093.jpg

 Esta chuva miudinha

Molha o tolo e toda a gente

Deixa a roupa ensopadinha

E há quem fique até doente!

 

Cai dumas nuvens  pardacentas

Que não deixam o Sol brilhar

E passam as horas tão lentas

À espera de a ver abalar!

 

Mas se o Sol brilhar finalmente

Ainda que por lapso breve

Ficarei eu assaz contente

E o meu pesar muito mais leve.

 

Sob a chuva e o Sol e o vento

O mal e o bem andam a par

Vivem  pessoas ao relento

E muitas outras no seu lar!

UMA MADRASTA

Interrogo-me sobre o meu destino

Que se apressa em direcção ao fim

Esforço-me porém não atino

Com saber o que vai ser de mim.

 

Poucas as alegria o negrume

Adensa-se com o correr do tempo

Pouco mais sendo do que queixume

A vida perde-se qual cinza ao vento.

 

Resta a esperança é fácil dizer

Mas se esta já se encontra morta

Não há janela ao fechar-se a porta

Nada mais resta senão sofrer.

 

A morte será sempre nefasta

Só a vida poderá ser bela

Mas quantas vezes não é ela

Em vez de mãe uma madrasta?

QUEM SOUBER

Diga-me lá quem souber

Como ter serenidade

Conjugar dor e prazer

E ser feliz de verdade

 

Deixar abalar a alma

A seguir o seu instinto

Não perder jamais a calma

Ao cair num labirinto

 

Olhar o mundo e concluir

Que acharemos o seu fim

Nunca por nunca desistir

De tornar bom o que é ruim

 

Fazer do sonho uma arma

Que derrote a malquerença

Ter ainda boa presença

Quando a sorte nos descarna

 

Descortinar a ilusão

Quando seja traiçoeira

Não cair na ratoeira

De ceder à presunção

 

Desmascarar o cinismo

Oculto em palavra mansa

Nunca perder a esperança

Mesmo à beira do abismo

 

Perdoar uma traição

Que fere até às entranhas

Resistir à tentação

De proceder com artimanhas

 

Encararmos o devir

Sem deixar cair os braços

Podermos sequer sorrir

Se a vida nos tolhe os passos?

AO AR LIVRE

Ergo os olhos e reparo

Que há no céu muito nublado

Nuvens negras de braço dado

Com outras de tom mais claro.

 

Lembram o Março marçagão

Com as manhãs de invernia

E um Sol mais de verão

Já depois do meio dia.

 

Na Natureza procuro

As defesas que me faltam

E consigo erguer um muro

Contra os medos que me assaltam.

 

Na Natureza eu encontro

Uma força especial

Que me ajuda a vencer o mal

Com que por vezes me defronto.

 

Ao ar livre me sinto bem

Dialogando com o que vejo

Como quando abraço alguém

E lhe dou um longo beijo!

ALGUM ENGENHO

Hoje já é outro dia

Como dizer-se é costume

E tal como eu queria

Outra ideia veio a lume.

 

Conforto embora fugaz

Trazem-me os versos que faço

E são como que um abraço

Amigo em tempo de paz.

 

As palavras vão chegando

E aos poucos arrumadinhas

Elas falam de coisas minhas

E das que vou observando.

 

Não há palavras forçadas

Todas chegam livremente

Algumas já alinhadas

Como se eu estivesse ausente.

 

Lanço ao céu o meu olhar

Vejo que se mostra azul

E enxergo também o mar

Que se estende lá pra Sul.

 

Pequenas ondas vão brincando

Ao vento que sopra leve

E criam de vez em quando

Espuma branca de neve.

 

Ao longe no horizonte

Há nuvens cor de zarcão

Protejo os olhos com a mão

Que o Sol me bate defronte.

 

Não são de literatura

Os meus versos eu convenho

Mas na sua urdidura

Talvez haja algum engenho!

OXALÀ

Finalmente me chega uma ideia

Ao meu hábito de rimar

Por mais que a rima seja feia

Não deixará de me ajudar.

 

Caminho todos os dias

E ao rimar em tais andanças

Me afasto das arrelias

Que me ferem como lanças.

 

Caminhante persistente

Trato o corpo ao caminhar

E exercito a minha mente

Pondo as palavras a rimar.

 

Corpo mente e a Natureza

Uma boa trilogia

Neste tempo de incerteza

Um remédio que alivia.

 

Para mim hoje será

Um dia de boa hora

Venha amanhã oxalá

Outra ideia como agora!

OS CASMURROS

Dos que se queijam de enfado

Muitos são meros casmurros

Bem pior é o seu fado

O triste fado dos burros.

 

Falar muito é condenável

Um defeito a combater

Contudo acham aceitável

Saber pouco ou nada ler.

 

Quanto à escrita nem se fala

Não tratam dos seus papéis

E as leituras são cruéis

Porque não entendem nada.

 

Rejeitam a companhia

Dos que nem são maus sujeitos

Mas com os próprios defeitos

Vão vivendo em harmonia...

ÁGUIA DE LISBOA

 

A águia gloriosa de Lisboa
Na sua muda intrépida de pena
Está a cada dia mais pequena
Quer voar mas já pouco ou nada voa.

Dela dizem que ainda paira alta
Os adeptos que não conseguem ver
Que a águia a pouco e pouco anda a morrer
 Para entrar num caixão pouco lhe falta.

Tirai a vossa águia da agonia
Deixando de estar presos ao passado
A glória nasce sempre no relvado
Mas nunca em qualquer secretaria.

Que a águia ponha os olhos no dragão
Nada ganha batendo asas à toa
De novo sobre as torres de Lisboa
Há-de planar firmando os pés no chão!