No silêncio dos pensamentos
Podemos ouvir a voz
Que fala dentro de nós
De Deus e de seus intentos.
Praticando a caridade
O nosso espírito ascende
Procedendo com bondade
A luz divina se acende.
Temos encontro marcado
Porque é fácil encontrar
Deus que está em todo o lado
Só nos falta reparar.
Numa profissão de crença
Entramos no entendimento
De Deus e a Sua presença
Se torna conhecimento.
Creio em Deus e estou ciente
De crer em Deus porque o vejo
Creio em Deus porque desejo
Crer em Deus sinceramente!
A tua casca de noz Há muito tempo rompeu As fronteiras duma foz E lá no mar se perdeu.
Mundo novo ia buscar Só o velho encontrou Morreu no fundo do mar A coragem que a levou.
Tudo o que Deus nos destina Não pode o homem mudar O néscio que desatina Acaba por se afundar.
Nem todas as aves voam Muito alto pra não cair A intenção pode ser boa Mas o destino trair.
Todos os sonhos são altos No seu justo realismo Grandes de mais são os saltos Que nos lançam no abismo! | São os homens mais brilhantes Aqueles que lêem bem Nas estrelas cintilantes O amor que Deus lhes tem!
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Perscruto o Céu vespertino
Preso nas nuvens vermelhas
Nelas vejo mil centelhas
De quem lhes deu o destino!
Quem não sente a Natureza
Como obra do criador
Vive em corpórea pobreza
Barreira que impede o amor.
Veias em que corre o sangue
De Jesus, o Redentor,
São o fio condutor
Duma vida que se expande.
Só assim posso dizer
Que na alma frutifica
A semente que intensifica
O fruto do renascer.
Um mistério indecifrável
Que se esgueira entre mãos
A crença mais amorável
No coração dos cristãos!
Se um dia for a Sicar
Junto ao poço de Jacob
A sede eu hei-de matar
E limpar suor e pó.
Se chegar a Emaús
Lembrando a ressurreição
Eu beijarei esta cruz
Que me roça o coração!
Subindo ao monte Tabor
Inda que chegue cansado
Louvarei cheio de amor
A Jesus transfigurado!
Ao Céu espero chegar
Pela minha devoção
E a Jesus a mão beijar
Se esse for meu galardão!
É suave o jugo de Cristo
Que os crentes tomam em mão
Por isso não há razão
Pra corações tão ariscos...
Eu sou ateu!
Inda assim, só mui dificilmente,
Poderá existir algum crente
Que seja mais crente do que sou eu!
Quem tem ouvidos
Que ouça o que dizem os mandamentos
E o que dizem os seus pensamentos
E verá que eles andam distraídos!
Aos olhos meus
Os que dizem, sem quaisquer bravatas,
Que não são crentes nem democratas,
Esses estão mais perto de Deus!
As leis da criação não permitiam
Que o Homem de Nazaré deixasse a Cruz
Aquando os fariseus escarneciam
Tão zombeteiramente de Jesus...
Horríveis criaturas, as humanas,
Que fazem do assassínio a salvação
Das almas pecadoras, levianas,
Ignorantes titãs da presunção!
Desconhecem as leis da Criação
Semeiam no trigal uma luzerna
Que não tem as espigas que dão pão...
Confundem a palavra que governa
Prometendo a quem crê uma ilusão
Que o afasta, no Além, da paz eterna!
Dentro de ti dos Céus o reino está
E não nos edifícios de madeira
E de pedra que vês na terra inteira...
Racha a madeira e Eu estarei lá!
Ergue a pedra e aí me encontrarás!
Desconfia dos homens medianeiros
Porque meus não são eles mensageiros:
Só de Mim o Meu verbo ouvirás!
Omnipresente, estou sempre contigo,
Omnipotente, levo-te a palavra,
Omnisciente, sei o que tu fazes!
Procura e encontrarás porque te sigo
E conduzo e protejo contra a praga
Das vozes pregadoras e rapaces...
Um dia se me abriu aquela porta
Por onde calmamente se entra e sai...
De lá trouxe o que traz quem por lá vai
Por via duma crença que o exorta.
Além dela encontrei O que transporta
A bem-aventurança que subtrai
O sofrimento humano que se esvai
Na comunhão cristã que reconforta!
Sua imagem santíssima reluz
Numa auréola que nunca tinha visto:
Um brilho de amor e paz, cheio de luz!
Sentindo o que jamais tinha previsto,
Contemplando o seu Corpo sobre a cruz,
Pleno de fé louvei a Jesus Cristo!!!
Crendo no Filho do homem que Crisro é
Caminho neste mundo mais tranquilo:
Encontrei um refúgio, um asilo
No amor a Jesus de Nazaré!
Confiante não fico no sopé:
Trepo o monte da crença que assimilo,
Subo e cada vez mais eu rejubilo,
Cada vez mais aumenta a minha fé!
Milagre? consciência? donde vem
A minha grande fé no Salvador?
Não sei, mas sei que assim me sinto bem!
Numa aliança divina se contém
A confiança em Jesus Nosso Senhor
Que leva à vida eterna no Além!
Me ajoelhei no altar e confessei
A vida dissoluta que era a minha.
De olhos fechados vi uma estrelinha
Mais brilhante que as jóias dalgum rei!
Um arco-íris tão lindo que nem sei
Se formou em redor duma santinha:
Um prodígio do Céu que à terra vinha.
Deslumbrado e em silêncio eu orei.
A presença de Deus senti, na igreja:
Suave tranquilidade deleitosa!
Louvado o Senhor Deus, louvado seja!
Terminada esta reza milagrosa,
A minha alma nova só deseja
Uma vida cristã mais rigorosa...