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Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...
Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...
Contemplo os rochedos imponentes Alcantilados sobre um mar tão ameno Que as ondas vão brincando inocentes E eu me vou sentindo mais sereno! Uma gaivota esvoaça atrás dum barco Sulcando as águas que se tornam espumosas E o olhar de tanta beleza cheio e farto Já não se lembra das horas tristes e brumosas! Ao longe vejo barcos de arrasto Trilhando rotas bem definidas Deixando atrás de si um longo rasto Sobre as águas revolvidas. O reflexo do sol sobre as águas Desperta-me a atenção adormecida E lavadas todas as mágoas A minha alma emerge desoprimida... Quero adormecer contemplativo E de manhã de olhos bem acordados Por esquecimento compulsivo Não me recordar dos pesadelos sonhados...
Uma nuvem muito triste Escurece o meu olhar Uma sombra que persiste Em nunca mais me deixar. Não consigo discorrer Com suficiente clareza Se tenho alguma certeza Nem sequer me atrevo a crer
Perco o fio à meada E lá vou eu à procura Procuro e não vejo nada Além duma mancha escura
Por vezes encontro um fio Em demasia puído E que por falta de brio Há muito terei squecido
Amiúde escapa o interesse Por aquilo que procuro E tudo fica no escuro Porque a memória se esquece. Já mal posso suportar O triste estado em que eu ando Desespero sempre quando A noite vem a chagar.
Quem do todo não faz parte Ao todo já não pertence É preciso engenho e arte Pra que ao todo se regresse... Quem não procura as palavras Mas se deixa descobrir Torna as ideias mais claras E fáceis de transmitir! Não faças orelhas moucas Ao sopro que é mais ligeiro As coisas jamais são ocas Se o amor for verdadeiro! As ideias se entrelaçam Se completam e vão avante Não queiras ficar distante Dos afectos que te abrançam...
Se um dia for a Sicar Junto ao poço de Jacob A sede eu hei-de matar E limpar suor e pó. Se chegar a Emaús Lembrando a ressurreição Eu beijarei esta cruz Que me roça o coração! Subindo ao monte Tabor Inda que chegue cansado Louvarei cheio de amor A Jesus transfigurado! Ao Céu espero chegar Pela minha devoção E a Jesus a mão beijar Se esse for meu galardão! É suave o jugo de Cristo Que os crentes tomam em mão Por isso não há razão Pra corações tão ariscos...
Minha alegria, ela mora Nalgum beco sem saída Nunca vem cá para fora Nunca pode ser sentida. Nem festejo, nem festança Nada meu 'spírito toca Sou fuso que não tem roca Nem uma ponta de esperança
Ao arrepio da vida Aqui vou eu cabisbaixo Minha mágoa é tão sentida Que me deixa sempre em baixo. Percorri muitos caminhos Da alegria indo em busca Perdi os meus pergaminhos A mim já nada me custa. A eloquente Natureza Tanto se esquece de mim Que quase tenho a certeza De que estou chegando ao fim. Da alegria que é a minha Mas não chegou a nascer Inda antes de morrer Quero sentir um nadinha!
Se os versos dos grandes poetas Nada mais têm que graça Então deixam de ter metas Todos os versos que eu faça. Grande que seja a valia Que aos próprios versos se empreste Só existe poesia Nos versos de quem é mestre. Poetar que não encontra A correcta construção Ficando no faz-de-conta Nunca encontra a perfeição. Versos que têm poesia Encerram ensinamento E a sua grande mestria Suscita deslumbramento. Fica fora da poesia Qualquer sujeito loquaz Que se revele incapaz De lhe captar a magia!
Aprendi a fazer contas As contas pus a aprender Fazendo porém as contas Vi que ficava a perder. As contas não conseguiam Aprender nada de inglês E como não aprendiam Aprendi eu outra vez. Pus o inglês a estudar Um pouco mais 'sperançado Mas só vim a confirmar Que continuava enganado. O inglês não atinava Com o estudo do francês E aprendi mais uma vez Tal como já suspeitava. É o homem que aprende sempre E não o que ele aprendeu Aprende conforme a mente Boa ou má com que nasceu!
De quem não gosta de mim Eu não gosto nem desgosto Foi Deus que me fez assim E assim mesmo de mim gosto. Há tropeços que não venço E azedumes figadais Que não me atormentam mais Que um pecado que confesso. Lágrimas que são vertidas Pelos arrependimentos São as lágrimas tecidas No tear dos sentimentos. Qual procela que destrói O que apenas é fortuna Mal que não mata mas mói É mal que mais importuna. Não imagino nem minto Só sigo o meu coração Dizendo aquilo que sinto Ouvindo a voz da razão!
Falas sempre e não te calas Falas e tudo misturas E cansas as criaturas Que caem nas tuas falas. Fala menos e acertado E tudo será melhor Deixas de ser maçador Vão-te ouvir com mais agrado. De vidro tenho telhados Penso e não posso acusar Os que acusam sem oensar São muito precipitados. Falo muito mas sei ler E escrever com com algum siso E sou capaz de aprender tudo o que seja preciso. Um poeta pouco escorreito Confuso e sempre engasgado Satura mais um sujeito Do que o meu palavreado. Só faz bem a toda a gente Ter bem claras as ideias Vê lá se limpas as teias Que trazes na tua mente!
O mestre que tudo ensina É o Deus filho do homem Que ninguém não discrimina Sendo Deus e sendo Homem! Se o longe afasta o contacto Há que saber inventar E usar sempre bem o tacto Para não se extraviar... Uma dúvida é fatal Não se pode recuar Para trás só fica o mal Mais não há do que avançar... Rompendo velhas fronteiras Diáfanas quando outrora Encobertas por viseiras Não se viam como agora... Vence sempre o pescador Que navega sobre as águas E sabe curtir as mágoas Tendo o mar ao seu redor! Se o olhar se ergueu um dia Deixá-lo outra vez baixar Marcha à ré a navegar Pra sempre se ficaria! Tinha perdido o caminho Que voltei a encontrar Falou-me Jesus baixinho No seu surdo segredar!