Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

O VERDADEIRO VAIDOSO

vaidoso.jpg



O verdadeiro vaidoso
Quer ser vaidoso sozinho
Um poeta consciencioso
Assim não é tão mesquinho.

Os poetas mais talentosos
Sabem que, pra bem escrever,
Não podem ser presunçosos
E os outros têm que ler.

Versos em bom português
Podem ter valor ou não
Os escritos de viés
Nem sequer uns versos são...

Fossem por outros escritos
Os versos que tu escreves
Não vias o que percebes
Nos teus papéis manuscritos...

Falas dos teus sentimentos
Em palavras proferidas
Que dizem coisas diferentes
Das que são por ti sentidas...

O MEU CORAÇÃO

coracaochora.jpg



Sou um homem muito triste
E de alma bem comovida
Em dias da minha vida
Desalento em mim existe.

O coração por mim chora
Em lágrimas esvaído
O quanto tenho sofrido
Generoso não ignora.

Amigo na desventura
Consolador sempre atento
Meu coração meu alento
Nos momentos de amargura.

Alegres ou de pesar
Há versos na minha mente
Qundo o meu coração sente
Que é tempo de me inspirar.

Dizendo para comigo
Os versos a cogitar
Esta minh'alma alegrar
Por vezes assim consigo...

EU SOU ATEU!

mandamentos.jpg

Eu sou ateu!
Inda assim, só mui dificilmente,
Poderá existir algum crente
Que seja mais crente do que sou eu!

Quem tem ouvidos
Que ouça o que dizem os mandamentos
E o que dizem os seus pensamentos
E verá que eles andam distraídos!

Aos olhos meus
Os que dizem, sem quaisquer bravatas,
Que não são crentes nem democratas,
Esses estão mais perto de Deus!

SEM CONDESCEDÊNCIAS

condescendencias.jpg

Da discussão nasce a luz!
O "eureca" da descoberta!
A nota sublime do executante!
Discute-se com discordâncias e concordâncias
Sem condescendências
Que semelham a esmola dada ao pobre
Que perpetua a fome milenária
Dos sempre repetidos indigentes...
Discute-se com recuos e avanços
No sentido da perfeição
Sem condescendências!
Não condescendem
O médico nos seus diagnósticos
O cientista nas suas experiências
O compositor no arranjo das suas notas
O escritor na urdidura da sua narrativa
O pintor
Que busca combinações cromáticas originais
O cantor
Que trabalha a colocação da sua voz
O pianista
Que aperfeiçoa a sua técnica de execução...
O ser vivo
Que por força quer nascer
O sorriso
Que se desenha nos lábios duma criança
O melro no seu trinado mavioso
A rosa no seu abrir triunfante
O poeta
Cujos poemas tornam o verso livre ou tradicional...
O navio
Que sulca as águas salgadas
O vento
Que nunca perde o seu sopro
O Sol
Que brilha e nos aquece
O mar
Que nos traz a brisa fresca
A Lua
Que à noite nos ilumina...
Discute-se sem condescendências
Que andam de braço dado com o silêncio
Que forçosamente guardam
O triste
Que não tem nada para dizer
E se refugia na sua mudez de granito
O cadáver lívido
Que jaz no ataúde
O desesperado
Que troca a vida pela morte
O surdo
Que não responde à pergunta
Que não ouve
O mudo
Que se exprime em linguagem gestual
Os oprimidos
Que não têm voz
Os poemas surdos-mudos
Que o verso livre engendra...

As imensidades rochosas!

OS FIGURÕES

figuroes.jpg

O ruído da multidão
Num alarido constante
Despertou-me e num instante
Entrei na revolução.

Qualquer revolta de um povo
Sempre agita e revolve
Mas, logo a seguir, de novo,
Tudo o que fora já volve.

Alguém morre ou fica ferido
Porque a sorte é sempre a mesma
E ao povo desiludido
Já o engoliu o aventesma.

O demagogo incendeia
As razões que são do povo
Levando-o sempre de novo
A cair na sua teia.

Os homens desprotegidos
Vão atrás da utopia
Esquecendo a cobardia
De quem os deixa traídos.

Mas a revolta passou
E lá vão uns figurões
Concorrer às eleições
Que a sua vez já chegou.

Não é nobre a profissão
Que as carências manipula
E proventos acumala
Iludindo o cidadão...

UMA VIDA MAL FADADA

palavrasfado.jpg

Uma vida mal fadada
É uma via sem norte
Desde logo condenada
À pura falta de sorte.

Nos destinos sem destino
Só há luzes apagadas
As vidas são só uns nadas
Neste mundo peregrino.

Nos labirintos da sorte
Tudo corre bem ou mal
Corre a vida e corre a morte
Num passo igual desigual.

Remir o azar com a sorte
Ludibriando o destino
É como fugir da morte
Ou ficar sempre menino.

O tempo já não decorre
Ora pára ora voa
E nenhuma coisa é boa
Nada nasce tudo morre.

A pouco e pouco se extingue      
O sopro que a vida dá
Já não há nada que vingue
O nada é tudo o que há.

Já enxergo o precípicio
Não fujo não vale a pena
Que alma ficou pequena
E a vida é só suplício.

Se um dia fizer um mapa
Que simbolize a tristeza
Pode servir-lhe da capa
Toda a minha natureza.

Por sobre um rio gelado
A minha tristeza em festa
É trenó por cães puxado
Através duma floresta.

Não sei se é angustiante
Ou se apenas insulúvel
Esta vida tão volúvel
Que se exaure num instante.

Procurar em Deus Jesus
Uma forma de refúgio
Talvez seja um subterfúgio
Talvez seja uma luz.

AS PALAVRAS DO MEU FADO

acorrentado.jpg


Não sei pra onde me levam
As palavras do meu fado
Só sei que em mim não sossegam   
Nem me deixam sossegado.

Segredam-me a toda a hora
Nunca me põem de lado
Nunca me deixam de fora
As palavras do meu fado.

Correm sempre à brida solta
Chegam sempre a todo o lado
E não precisam de escolta
As palavras do meu fado.

Quando ficam descontentes
Dizem-no em tom exaltado
Não se prendem com correntes
As palavras do meu fado.

Meus ouvidos não são surdos
Nem eu vivo acorrentado
Reagem contra os absurdos
As palavras do meu fado.


A boa hora de agir
Chega no momento asado
Ninguém poderá fugir.
Às palavras do meu fado.

Num tempo cadenciado
Penetram as consciências
Em nenhum lado há ausências
Das palavras do meu fado.

De carácter susceptível
Há quem se ache mal visado
Ninguém fica inacessível
Às palavras do meu fado.

O fado da minha vida
É um destino fadado
São uma vida vivida
As palavras do meu fado...

A PAZ QUE VEM DO CÉU

aspereza.jpg

Chamou-me uma pessoa muito triste
Quebrada sem remédio que se visse
Não sei bem me parece alguém lhe disse:
A sua salvação já não existe!

Que coração tão cheio de aspereza
Um modo de falar muito ruim
Que aumenta ainda mais a incerteza
De quem julga que a vida chega ao fim!

Ajudei como pude reanimando
Aquela criatura deprimida
Se melhorou só Deus sabe até quando!

Seguiu o meu conselho isso sei eu
Entrou numa igreja e rezando
Achou aquela paz que vem do Céu!

SUBI A UM ALTO PENHASCO

penhasco.jpg

Subi a um alto penhasco
E de lá olhei pró fundo
E vi que no nosso mundo
O mal tem um campo vasto.

E também vi a pairar
O tão insensível luxo
Que leva no seu repuxo
Tudo o que pode arrastar.

Vi o trepar insaciável
Em que tudo se atropela
E a vida se nos revela
Por vezes abominável.

Vi homens feros insanos
Mais que um animal selvagem
Destruir a boa imagem
Dos valores mais humanos.

Vi homens muito maiores
Que têm a alma etérea
Que lutam contra a miséria
Que seguem outros valores...

O DOM DE FAZER VERSOS

concha.jpg

Encontrei uma concha já vazia,
Enterrada naquela areia solta,
Numa cor desmaiada toda envolta,
Lembrando-me que a vida acaba um dia...

Se Deus me deu a voz para cantar,
Eu canto porque Deus assim o quer,
Cantando ponho as coisas no lugar
Certo ou errado a Deus cabe saber...

O dom divino só a Deus pertence
E vem dentro de nós como ele quer
E só Deus sabe quem mais o merece...

Não sei se de mim Ele se esqueceu,
Do meu canto , porém, quero bem crer
Que o dom de fazer versos vem do Céu!