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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

BARALHO DE CARTAS






Um simples risco num carro
Não impede a sua marcha
Mas dá azo a reparo
E não deixa de ser mancha.

A ferrugem deteriora
E o efeito repelente
À vista de toda a gente
Nunca mais se vai embora.

Um fio de água que corre
Fugidio da censura
Não derruba uma torre
Mas causa alguma fissura.

Uma voz que se alevanta
Por si só não muda um rumo
Mas rompe um pouco o negrume
Deixando uma marca branca.

Um hodierno forte muro
Pra impedir de passar
É baralho, no futuro,
De cartas a desabar!
Direito por linhas tortas
É certo que Deus escreve
A quem sofre o que não deve
Abre Deus as melhores portas!
























AS MEDALHAS









Sem reverso não há medalhas
Mesmo assim é com surpresa
Que o recebem os canalhas
'Squecidos desta certeza.

Julgam poder silenciar
Para sempre quem 'spezinham
Nem chegam a supeitar
Das medalhas que se avizinham...

Calaram minhas mensagens
Mas os blogues felizmente...
Não muita porém há gente
Que lhes dá umas passagens.

O casebre da censura
Por eles também passou
Seja ou não quem me calou
O reverso ganha altura...

Ouço um tilintar imenso
Na minha imaginação
Medalha lançada ao chão
Por quem lhe viu o reverso.

"Quem prende a água que corre
É por si só enganado
O ribeirinho não morre
Vai correr para outro lado."
                   
            António Aleixo

O CONSCIENTE

 







Nem mesmo os mais imprudentes
Irão pra uma viagem
Sem que levem na bagagem
As coisas convenientes.

Em meio a quatro paredes
E numa fita magnética
Enleia-se numas redes
Uma cabeça patética.

Não será por altivez
Nem pra manter a distância
Que se fecha em tal mudez
Que até parece arrogância...

Bloqueia-a o consciente
Que a conhece muito bem
E vê que nela anda ausente
A ciência que convém.

Não difere do consciente
O cérebro que o contém
Se o cérebro está doente
O consciente também!

Só faz como gosta e sabe
E oferece o que tem
Quem o seu coração abre
E nada deve a ninguém!

JORNALISTAS E OUTROS


 

Como é que podem formar
Pessoas em jornalismo
Sem ensinar que o purismo
Se deve sempre evitar?

Nos meios de informação
Existe um grande míngua
Dos que falam em função
Do nível médio da língua.

Em vez de alcoolemia
Proferem "alcoolémia"
E a palavra leucemia
Dizem-na como "leucémia".

Ás abertos e acentuados
Jornalista ou locutor
Pronunciam sem pudor
Como se fossem fechados.

Num Programa juvenil
Afirmava uma jurada
Com ar todo senhoril
- Acho ela muito engraçada!   

Numa outra emissora
A uma criança também
Pergunta a moderadora
- Alimentas ela bem?


Falava num certo dia
Marcelo R. de Sousa
Duma qualquer "alérgia"
Mas não existe tal cousa!

O mui nobre professor
Cavaco Silva eu contesto:
Quando pronuncia "hónesto"
Comete um enorme error!

Até a mesopotâmia
Que se lê com dois ós mudos
Alguém leu "Mesópotâmia"
Avolumando os absurdos!

Vemos na 'strada a rolar
Carros em fila ordenada
E um locutor a afirmar
Que não há "fila" na 'strada!

Há trinta anos remotos
Poucos falavam tal mal
Como jornalistas e outros
Falam hoje em Portugal!

Se toda a gente é pessoa
Já bem falante é que não
Se não tem sintaxe boa
Nem boa tem a dicção!

MENTE UMA VEZ...







São duma outra galáxia
Os da RFM ouvintes
Uns repetentes pedintes
Duma música já chata.

Só pedem há mais de um ano
Música duma "play-list"
Se ali não houver engano
Esta gente é mesmo triste.

É contra o discernimento
Crer em tal insensatez
Tanta gente ao mesmo tempo
Com tão pouca lucidez!?

Não me sinto predisposto
A me quedar pla tolice
Considero o pressuposto
De possível vigarice...

Há uma certa matriz
Que tenho muito presente
O ditado que nos diz
Mente uma vez mente sempre...



Dos iutu é uma treta
E é de mau português
Dizer um nome de letra
Ou de número em inglês...

GATO II



Logrou-me o meu nobre intento
De atentamente escutar
Os do gato fedorento
Fazendo humor a miar.

Depois de tanto os ouvir
Dei comigo a cogitar:
Eles não me fazem rir
Será que devo chorar?

Não vêm sós as desgraças
Chegam umas após outras
São umas tristes chalaças
As destas felinas bocas.

Que raio de malta é esta
Que caiu no canal um
Será que o que dizem presta
Ou não tem préstimo algum?

Já eram bastante agrestes
Os programas de má rês
Dos que falam português
Para quê inda mais estes?

SIMPLES BAGATELAS



Queria saber 'screver
Coisas que fossem mais belas
Mas só consigo dizer
Umas simples bagatelas.

Contudo ainda me atrevo
A falar de tudo um pouco
São para não ficar louco
As coisas simples que escrevo.

De juízo atrofiado
Não teria a vida gosto
Tem sentido figurado
Muito do que tenho exposto.

As frases mais expressivas
Que roubasse do alheio
Trariam ao meu paleio
Só ideias abusivas.

Ao trilhar este caminho
Não cairei no abismo
Sou avesso ao cinismo
Nego o rancor escarninho.

A JANELA



Passei sob uma janela
Atrás de cuja vidraça
Uma mulher muito bela
Cativa quem por lá passa.

Voltei a passar por lá
Sem saber porque razão
Andei de lá para cá
Ao ritmo do coração.

Ergui os olhos e vi...
Não podia acreditar
De coração a pulsar
Ali mesmo me perdi.

Mas antes de me perder
Eu entrei no paraíso
Por via do seu sorriso
Que me deixou logo a arder...

Despidos de preconceitos
O início era já fim
Eu em ela e ela em mim
Por caminhos tão direitos...

Era uma linda paisagem
Dois picos e uma vereda
Por onde um homem se enreda
Como um animal selvagem...

Rios quentes que corriam
Aqueciam bem os ares
Mas os corpos já diziam
Que o amor traz os pesares...

A vereda me levou
A um destino sem regresso
Ainda hoje eu lhe peço
O amor que por lá ficou.

 

O FRUTO



A semente foi lançada
Colhido já foi o fruto
Belo,forte e resoluto
Da Primavera alcançada...

Era o seu desabrochar
Numa flor de laranjeira
Logo tornada a cegueira
Do furor a cavalgar...

Entrelaçados,enfim,
Num louco e ébrio torpor
Dentro dela e de mim
E dentro do nosso amor

O rubro e tenso furor
Após cobiçosa espera
Esvaiu-se nesta flor
A cheirar a Primavera...

SEM EMBARAÇO



Pudesse eu sem embaraço
Levar a sentir o Céu
O teu corpo num abraço
Todo envolvido no meu.

Levar-te-ia, ó pomba branca,
A te sentir lá no Céu
Encostando a minha anca
À anca do corpo teu.

Imbuídos num mistério
Sempre novo a descobrir
Dar-nos-ia refrigério
O deixar-nos esvair.

Plo amor arrebatados
Que nunca pela razão
Nossos corpos enlaçados
Dariam um corpo são!

O calor da minha fonte
Acenderia, ó minha amada,
As cores do horizonte
Na penumbra da madrugada!

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