Na primeira escolaridade
Acompanhando o meu filho
Previ que vinha sarilho
De tanta precaridade...
De há muito que nas escolas
nos primeiros quatro anos
atafulham as sacolas
e cultivam os enganos:
Nesses anos do ensino
Dão muito mais atenção
Ao poder de observação
Que ao poder de raciocínio;
A tabuada que exercita
Não fazem saber de cor
Na leitura e na escrita
Não põem muito rigor;
As quatro contas primárias
Mal ensinam a fazer
Não cimentam o saber
Destas e outras coisas várias;
Sendo pouco exercitadas
A solucionar problemas
Estas crianças pequenas
Ficam mal apetrechadas;
São crianças mais espertas
No que podem observar
Porém no raciocinar
São crianças mais incertas!
Na minha mente fervilham
Ideias em desfilada
Umas vezes elas brilham
Outras não me dizem nada.
Com elas posso falar
Sem elas fico calado
Com elas vivo a sonhar
Sem elas 'stou acabado.
As ideias se atropelam
Confundindo e esclarecendo
Umas delas se revelam
Umas outras vão morrendo.
Esta ideia não tem luz
Só aumenta a escuridão
Aquela que mais reluz
Vai trazer a solução...
Uma ideia que me leva
Devagar devagarinho
Repudia quem se atreva
A barrar o seu caminho...
Até quando continua
A minar-nos tal maleita?
É preciso pôr na rua
Esta malévola seita...
Como andava distraído
O votante que labuta
Ao dar maioria absoluta
Aos que o têm perseguido...
Estes são aqueles que outrora
Roubaram a trabalhar
Os reformados que agora
Voltam de novo a roubar!
Um imposto sobre outro imposto
O antigo complementar
Fora só um pressuposto
Do que nos iam roubar...
Se votarmos revoltados
Nos que antes nos revoltaram
Seremos sempre roubados
Plos votos que nos lograram...
Ao despojado da sorte
Só lhe resta caminhar
Indo ao encontro da morte
Que não cessa de espreitar .
Se arrasta com corpo e alma
Pelas ruas da amargura
Dum pouco de paz e calma
É do que ele anda á procura .
Nem marés nem tempestades
Alteram o seu destino
Faltam as boas vontades
Do coração peregrino ...
A sua vida funesta
Inda causa repugnância
Á pessoa desonesta
Toda cheia de importância .
A boa sorte por si só
Não é tudo o que perdeu
Recusam-lhe pena e dó
Porque ainda não morreu...
Estou tramado
Como sói dizer-se
Um imenso amontoado
de madalhas a debater-se
Gera tanto zumbido
Que já não quero fazer nada
Deixa a vida sem sentido
E a alma desenraizada
Medalhas sobre medalhas
Caídas arremessadas
Como lâminas de navalhas
Cortam a vontade amortalhada
Saí à rua e finalmente
Vi que o nada de nada
É fazer o mesmo constantemente
Em troca duma mesada
As aves preparam a sua comida
Constroem os seus ninhos
Tratam sozinhas dos filhos
Tem sentido a sua vida...
Onde não existe nada para fazer
Há mais tempo para rezar
Reflectir sem ser a correr
No sentido que à vida só Deus pode dar!
No silêncio dos pensamentos
Podemos ouvir a voz
Que fala dentro de nós
De Deus e de seus intentos.
Praticando a caridade
O nosso espírito ascende
Procedendo com bondade
A luz divina se acende.
Temos encontro marcado
Porque é fácil encontrar
Deus que está em todo o lado
Só nos falta reparar.
Numa profissão de crença
Entramos no entendimento
De Deus e a Sua presença
Se torna conhecimento.
Creio em Deus e estou ciente
De crer em Deus porque o vejo
Creio em Deus porque desejo
Crer em Deus sinceramente!
"Vêiculos" é na RFM E "alcoolémia" também Como a nossa língua geme Quando não a falam bem!
Tantas as atrocidades Cometidas ao minuto Quiça um curto-circuito Fosse um acto de bondade...
Já se torna revoltante Ouvir este pessoal Que pronuncia tão mal Palavras a cada instante.
Servos do brasileirismo E do acento americano Amantes do conformismo Não combatem o engano.
O novo é sempre velho E o português dialecto Neste jovem aparelho Que já nasceu obsoleto! | Acredito que o bom Deus Se afaste constantemente Duns tão parcos filhos Seus Que O façam ficar descrente...
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Entre os dias da semana
A Segunda é o pior
Afirma o safardana
Que é o mau trabalhador.
Nos dias do seu descanso
Esfalfa-se na rambóia
O trabalho é uma bóia
Que lhe serve de remanso.
Música ouve o dia inteiro
'Sperando o fim-de-semana
Que trabalho tão ligeiro!
O deste grande sacana.
Da Sexta já repousado
Diz que é o seu melhor dia
Se trabalhasse o safado
De cansaço falaria.
Mourejasse todo o dia
Exposto à chuva e ao Sol
Da Sexta-feira diria:
Lenta que nem caracol...
Os que no fim-de-semana
Fazem a vida mais justa
A Segunda não assusta
Como assusta o safardana!
A tua casca de noz Há muito tempo rompeu As fronteiras duma foz E lá no mar se perdeu.
Mundo novo ia buscar Só o velho encontrou Morreu no fundo do mar A coragem que a levou.
Tudo o que Deus nos destina Não pode o homem mudar O néscio que desatina Acaba por se afundar.
Nem todas as aves voam Muito alto pra não cair A intenção pode ser boa Mas o destino trair.
Todos os sonhos são altos No seu justo realismo Grandes de mais são os saltos Que nos lançam no abismo! | São os homens mais brilhantes Aqueles que lêem bem Nas estrelas cintilantes O amor que Deus lhes tem!
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