Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

A TALHE DE FOICE



Às vezes nas irmandades
Como no vinho toldado
Impuras por todo o lado
Boiam as cumplicidades.

Um amigo por irmão
Muito mais cedo que tarde
Há-de dar-lhe um apalpão
Sem que ela lhe chame alarve.

Como soía afirmar
De sua graça o Tasquinha
Só um burro e uma galinha
Não podem acasalar.

Aqui na minha cidade
Anciãos e anciãs
Diziam que era verdade
Que uma jovem pariu cães.

Talvez no mundo invertido
E mesmo assim com reservas
Certas crenças tão palermas
Possam ter algum sentido.

Estas ânsias permanentes
De homens usarem malinhas
Cujos naturais utentes
Eram só as senhorinhas

Vão baralhando o meu tino
E levam-me a duvidar
Se algo inda mais feminino
Não queiram vir a usar...

IMENSA CAMINHADA



Em imensa caminhada
Cujo fim não tem destino
Segue de alma aliviada
Num coração de menino.

Perde-se em grande alegria
Porque não se prende a nada
Como em pequeno fazia
Faz hoje a vida animada.

Os percalços tão comuns
Que derreiam tanta gente
No seu coração contente
Suportam longos jejuns.

O mar faz-lhe companhia
Do qual retém a lonjura
Do sol a ébria quentura
Que ameniza a invernia.

Fugiu do silêncio eunuco
De negrumes intempestivos
Os olhos chispam altivos
Sobre o homem dissoluto! 

UM SILÊNCIO



Poderá haver silêncio
No ruído que o invoca
Numa constante tendência
Que soa de boca em boca?

Saberá estar sozinho
Quem de por si não entende
Que a cada passo depende
Do compadrio mesquinho?

Saberá bem o que diz
Quem repete sem sentido
Uma leitura infeliz
De livro que terá lido?

Terão parado no limbo
Da reflexão filosófica
Pulmões cheios de basófia
Como fumo de cachimbo?

A moeda que se lança
Ao ar sem cair no chão
Brilha na palma da mão
Do silêncio que não cansa...

PENSARES FUGAZES



O engano não é capricho
Que alguém tenha por amigo
A não ser um certo bicho
Que traz a rádio consigo...

Os concertos musicais
Fazem bem a quem 'scutar
São sintomas anormais
Falar deles sem cessar ...

Gosto de ver futebol
Seguindo-o sem a cegueira
De empunhar uma bandeira
Ou usar um cachecol...

Na área de humanidades
Salvo raras excepções
Esbatem-se nulidades
De irrisórias aptidões...

Os dias surgem iguais
A quem faz o de que gosta
Nenhum deles é lagosta
Mais gostosa que os demais...

Muitos têm o condão
De nos lembrar a raposa
Que as uvas longe do chão
Despreza feita manhosa
Uma louraça atractiva
Passará despercebida
A quem prefere as morenas
E como sempre na vida
Raras são as coisas grandes
Muitas as outras pequenas

Se a fugir tu permaneces
Do que te mata a cabeça
Não contes que ela obedeça
À medida que envelheces...

Se toda a vida não cresci
No que respeita ao mental
Também não envelheci
Ainda sou jovial...

A solidão acompanhada
De aparente companhia
É solidão mais vazia
Que a solidão isolada...








UMA NOVA ESCRAVATURA



Sem quartel e sem guarida
E com armas desiguais
Perdemos cada vez mais
Nesta luta pela vida .

Os abutres nos rodeiam
Decidem a nossa sorte
E, nos condenando à morte,
Sequiosos se banqueteiam...

Os embustes são urdidos
De maneira natural
E até parece normal
Vivermos empobrecidos...

É tão escasso o nosso pão
E alienante é a cultura
Reina aqui nesta nação
Uma nova escravatura...

Nos trazem acorrentados
Ora sem elos de ferro
E,como que num desterro,
Nos mantêm deserdados ... 

TODOS TÊM O SEU FADO



Um homem não é de ferro
Nem pode cuspir pró ar
E sabe que o seu enterro
Alguém há-de ver passar...

O ferro nem sempre é aço
Todos deviam saber
Pra não fazer de palhaço
Como há quem ande a fazer...

Não são os metais ferrosos
Por mais que se diga bem
Os metais mais preciosos
Que o nosso planeta tem...

Não vale a pena fugir
Ao destino já traçado
Todos têm o seu fado
Não há quem se fique a rir...

NO DESLIZAR DA PALAVRA



A pena nunca me assusta
Nem tão pouco a folha branca
Fiz-me homem à minha custa
A mim já nada me espanta.

No deslizar da palavra
Eu marco encontro comigo
E tudo aquilo que digo
São coisas da minha lavra.

Não temo as hesitações
Sei esperar o momento
As boas composições
Estão dentro do pensamento.

Boa é aquela hora
Que nos dá um bom sinal
Deitamos tudo pra fora
Sem que nada corra mal.

Bem ligadas as ideias
Desliza a pena veloz
Das palavras as cadeias
Nunca me deixam a sós.

As palavras e seus mundos
Combinados a preceito
Fazem-me enfunar o peito
De sentimentos profundos.

Por certo não sou poeta
Mas disto estou bem seguro
Meu viver é menos 'scuro
Graças a esta faceta!

JÁ ENTÃO EU APRENDIA



Inda menino de berço
Aos meus ouvidos chegavam
As cantiguinhas em verso
Que ao redor de mim cantavam.

Já então eu aprendia
A falar também em verso
Esse falar de magia
Que enquanto viver não squeço .

Do primário os versinhos
Que às vezes ouvia e lia
Iam abrindo os caminhos
Ao rimador que crescia.

E sempre pla vida fora
Ouvindo e lendo poesia
Fui alcançando a mestria
Dos versos que faço agora...

É ter cabeça pequena
Julgar saber poetar
Sem ter ouvido cantar
Ou dizer qualquer poema...