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Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...
Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...
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Contemplo a imponente serra
Recoberta de pinheiros
Verdejantes e altaneiros
E empatizo com a terra.
Vejo porém alarmado
Costas viradas à serra
Tijolo e cimento armado
Roubar raízes à terra.
Sangram-na por todo o lado
Vivendas ou que for
Terra chão incultivado
Já não a rega o suor...
E as árvores lá nas alturas
Não logrando ver o mar
Como que são criaturas
Que mal podem respirar.
Pela distância entre as árvores
E a viva água salgada
Corre a frieza dos mármores
Geme a terra mutilada...
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Se os frutos nunca consomes
Da árvore que tanto abanas
Nem à sua sombra dormes
A quem é que tu enganas?
Nada é mais abençoado
Do que olharmos mais além
Caminhar por todo o lado
Sem fugirmos de ninguém...
Se a lua pouco blilhou
No dia em que tu nasceste
Não fui eu quem lhe roubou
A luz que não recebeste...
Não sou teu gémeo germano
Não te devo o que não és
Nem tiro chão a teus pés
Não me acuses por engano...
No rumo que as nossas vidas
Tomaram tão desigual
Se coisas há que estão mal
Não serão a mim devidas!
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Atravessando uma estrada
Avistei uma sobrinha
Que logo ficou parada
A olhar pra donde vinha.
Outro rumo não convinha
Tão pouco voltar a atrás
Que ganhou minha sobrinha
Perturbando a minha paz?
De nome chama-se Graça
Mas não tem graça plausível
As manobras que ela faça
Pra se tornar invisível...
Só faltava a nulidade
Dar-se uns ares de importância
Jamais a mendicidade
Será fruto da abaundância.
Tanto fala o mudo rico
Como o mudo vagabundo
Também pertence o penico
Aos objectos deste mundo...
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Da família quem diria
Direita bem direitinha
Embora uma sobrinha
Também me monta vigia...
O meio analfabetismo
Muito perto do completo
É como que um bairrismo
Que se torna predilecto...
Vivente que não existe
Ao fugir dos existentes
Cava com os próprios dentes
Uma inexistência triste...
- Não tenho nenhum filhote,
Um filhinho é o que convém -
No fogo mais um archote
Dos que não me julgam bem...
Aquele que mal me julga
Julgando sem refletir
Só de si anda a fugir
Ao pôr-se de mim em fuga...
Se a sobrinha alcançasse
Isto que acabo de urdir
Talvez nunca mais montasse
Vigia pra me fugir...
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Em passeio renovado
Por caminho invertido
Fui eu bem surpreendido
Por encontro inesperado.
O ouvinte que faltava
Amável e feminino
Foi por certo o bom destino
Que os meus passos comandava.
Falei mais do que devia
Da minha própria pessoa
Ainda assim fala boa
Que por nada foi vazia.
Comércio e natureza
Propriedade e produção
São assuntos com certeza
De nobre conversação.
Águas vivas que secaram
Por desleixo ou ignorância
Vítimas da vil ganância
Arvoredos soçobraram.
As vedações odiosas
Daqueles que não produzem
A terra fértil reduzem
A densas matas ociosas.
Sem juventude na idade
No rosto ainda beleza
No entender a destreza
Que augura longevidade!