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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

AI QUE TRISTEZA!

Здание мэрии Москвы (бывшее здание СЭВ)
Edifício da Câmara de Moscovo(antigo edifício do Comecon)

 

Canso-me de ouvir dizer
Depende disto ou daquilo
Vivemos a depender
Quais campos de águas do Nilo.

Pendente da incerteza
Cai o povo na apatia
Morre a alma portuguesa
Que águas dos mares rompia.

Falta-nos o velho sal
Antigo encorajador
Que levava Portugal
Para além do Bojador.

Vítimas do servilismo
Seguimos uma má pista
Insensatos destruímos
O mercado comunista.

As néscias intervenções
Da RTP em Moscovo
Serviam as grãs nações
Mas jamais o nosso povo.

Pra um do Ex-Comecon
Daqui vai mais uma empresa
Para eles ai que bom!
Para nós ai que tristeza!

Do Leste vêm pra cá
As libertas criaturas
As empresas vão pra lá
pagamos duas facturas.

Entramos pouco indecisos
No que não nos diz respeito
Sofremos os prejuízos
Outros tiram o proveito!

REBATE FALSO



Como o pássaro que voa
Não tem rasto atrás de si
Um amor que eu antevi
No silêncio se esboroa.

Um infeliz rebate falso
Agarrou minha garganta
E à guisa de cadafalso
Corta separa e arranca.

Como as tertúlias nocturnas
Os meus achaques seroam
Quais romarias diurnas
Densas trevas me povoam.

Ulisses nau à deriva
Procuro um pouco de solo
Que fútil de mim se esquiva
Nas águas do desconsolo.

Não brilha o Sol nem a Lua
Nem o mar se encontra plano
A minha nau não flutua
Imergiu no desengano.

Perdeu-se a única via
Que me desse algum alívio
Veneno sem lenitivo
Uma esperança vazia!

BOM OMBRO



Uma fonte luminosa
E uma araucária com garbo
São um sonho cor de rosa
Que na minha alma guardo.

À sombrinha do arvoredo
Brincam crianças no parque
Expressões em formas de arte
Que desconhecem o medo.

As árvores o Sol banha
Em que melros têm ninhos
Donde voam passarinhos
Que o ar agitado apanha

Nos bancos em alvoroço
Jovens amorosos pares
Me lembram que também posso
No mister dar os meus ares.

Reparo cheio de assombro
E digo de olhos no céu
Esta vida é um bom ombro
Que o fado me concedeu!

VOLTO SEMPRE



Uma placa de cimento
A superfície do mar
Porque o céu está cinzento
E não há vento a soprar.

Nestes tons cinzento e branco
Foz e abóbada celeste
Têm um terceiro encanto
Entre o brilhante e o agreste.

No parque as árvores nuas
E as de folhas persistentes
Contam as histórias suas
Aos ouvidos coniventes.

Plátano álamo cedro
Acácia jacarandá
Dizem-me que ainda é cedo
E eu vou ficando por cá.

Um grande barco parado
Serve de fundo ao jardim
E um quadro inusitado
Assoma em frente de mim.

Assim se renova a vida
No rio e à sua frente
Até já na despedida
Quer dizer que volto sempre!

PÔR DO SOL



Jamais estive na Arábia
A ver como o Sol se põe
Mas aqui atrás da Arrábida
É tão lindo que até dói.

Tantas vezes o admiro
Se as nuvens o não  escondem
E o ocre e o rosa respondem
Ao meu profundo suspiro.

As nuvens formam figuras
Cinzentas e coloridas
Algumas tão definidas
Que semelham criaturas.

Nesta mistura de mar
Nuvens e Sol quase posto
Se em mim trago algum desgosto
Me esqueço de o recordar.

E o crepúsculo que segue
À frente da noite escura
Não deixa de ser alegre
Após tão grande ventura.

Não há um maior fascínio
Que a maravilha solar
Que nos sai sem escrutínio
Sem ser preciso jogar.

Amanhã pela tardinha
aparecendo de novo
A luz do Sol que é rainha
Encha os meus olhos de fogo!

 

DE BEM VISTO



Guardar em prosa rimada
O que se vê diz ou sente
É uma coisa de nada
Ainda assim exigente.

Deixemos a literatura
Tão fora do nosso alcance
Fiquemos pla urdidura
Que se alcança num relance.

Dar a um simples registo
Que na mente se detém
Um certo ar de bem visto
Não prejudica ninguém.

Se as distâncias são oblíquas
Desfazem-se na escada
Na muralha incrustada
Cofre de acções algo iníquas...

As águas estão crescidas
Preia-mar no rio Sado
Barrentas de tom rosado
Que de areias remexidas...

O Sol procura furar
Entre as nuvens vespertinas
Sobre a relva a debicar
Correm melros de batinas!