Esse teu riso escarninho Esboçado só por engano É retrocesso no caminho Que faz de ti um ser humano. Quando te ris a despropósito É só de ti que tu te ris Tem sempre um riso estrambótico A insensatez como raiz. Uma diferença ao contrário Do que te possa parecer É simplesmente o corolário Da que trazemos ao nascer. Aproveitando o positivo Que cada um possui em si Porás de lado o negativo E não terás pena de ti. Cortando a espiga mais alta pessoa alguma se elevou Se de altura sentira falta Ainda em baixo se quedou...
Como no Douro o rebelo Trepei aos moinhos de vento Nesta vila de Palmela Quase ao nível do castelo Num panorama perfeito Enfunou-se-me o meu peito Como se eu fosse uma vela...
Longas estradas eu palmilhei Nestes dois meses que passaram As gentes que por aí encontrei Todas elas me saudaram. Não é preciso conhecer Os que por si vão passando Erguem a mão saudando Como quem diz: eu sou um ser! Era fora da cidade Entre carreiros e vinhedos Onde mora a humanidade Dos que afugentam os seus medos. Infelizmente também vi horrendas Devastações de soutos e pinhais Para a construção de vivendas À moda de bairros sociais. É um crescer em comprimento Em que uns poucos vão ocupar Vastas terras em detrimento De mais oxigénio no ar. Entre as vias principais Há caminhos de terra batida Em que transbordam de vida Arvoredos e animais...