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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

O HOMEM SE CONSOME



Tantas flores cada uma com seu matiz
Eram um irrefutável convite
Para me sentar ao lado do chafariz
Enquanto não chegasse o apetite.

O que chegou vinda da entrada
Foi uma jovem muito elegante
Dirigindo-se para onde se encontrava
A minha pessoa repousante.

Um outro perfume se elevou na atmosfera
Entre mim e o daquelas lindas flores
Por vezes nascem os amores
Quando menos a gente espera.

Uma luta de vontades  se travava
protestando incessante a fome
O desejo galopante intrigava
E assim o homem se consome!

CERTAS PERSONAGENS

_MG_0205 

Acreditei na tua promessa
E voltei para onde devia
Não levava muita pressa
Até parece que pressentia.

Quem torto nasce tarde ou nunca se endireita
De pequenino é que se torce o penino
Mas a bondade por vezes não suspeita
Das falsidades do cretino.

Não passaram muitos dias
Até que se desse o desenlace
Sem que eu sequer suspeitasse
De tantas patifarias.

Talvez por isso os animais
Domésticos e até selvagens
Nos conquistam muito mais
Do que certas personagens.

CONHECER



Há quem goste de limões
E os que preferem diospiros
Há os que soltam suspiros
Quando vêem os botões

Da blusa que tens nos ombros
E querem desabotoar
Para fogosos beijar
Os teus seios tão redondos.

Ou talvez passar a mão
Por algo mais quente ainda
Como dar um apalpão
Na coisa que tens mais linda.

Sinto um excitante calor
No meu corpo que te imagina
Se calhar será melhor
Pular-te já para cima.

Não fiques arrepiada
Nem te ponhas a correr
Aqui na cama deitada
É que me vais conhecer!

 

A NAÇÃO

A small river to cross: the River Mole 

Um riacho no seu arrolho
Lembrou-me que tinha sede
Debrucei-me um tanto a medo
O caminho debaixo de olho.

Tranzendo a espingarda ao ombro
Um caçador se aproximou
E para meu assombro
de rompante perguntou:
--- Que fazes na minha herdade
O forasteiro atrevido?
--- Para dizer a verdade
Digo-lhe que ando perdido.

venho fugido da guerra
Que não sei se já acabou
Quero ir para a minha terra
Que desta guerra eu não sou.

Dá cá um abraço, irmão
As guerras também não me levam
Que defendam a nação
Os que com ela se governam!

A CAMBADA

cordeiros

Que importa o que diga a cambada
Quer me tire ou dê valor
Se de mim não dissesse nada
Isso é que era muito pior.

Muitos me dizem que sou
Aquilo que eles não serão
Mas nenhum ainda reparou
Que não lhes digo o que são.

Primeiro por cortesia
E ainda que eu quisesse
Verdade que não sabia
O que de justo lhes dissesse

Se aponto alguém amiúde
Que nunca me ripostou
Será só porque é sisudo
Ou será porque não sou?

Nunca param para pensar
A si nunca fazem perguntas
Umas reses a engordar
Pessoas assim há muitas!

BREJEIRICES



Esta brisa tão ligeira
Refresca-me o corpo no exterior
Mas o de dentro não há maneira
De curar os meus males de amor.

Conheci uma cachopa
Lá para os lados da Ribeira
Dancei com ela a noite inteira
Quase sempre na galhofa.

Nas andanças do amor
Pode haver cartas furadas
Os beijos só têm sabor
Se forem doces as namoradas.

Não lobriguei à saída
A moça que me espevitava
Da sua saia subida
O que vi muito me agradava.

Fui um dia ao ferro-velho
Que fica atrás da capela
feri num ferro o joelho
Acudiu-me uma donzela.

Se acaso Caires ao poço
Quer ele tenha água ou não
Não grites por mim, o moço!
Que não te darei a mão.

Não me peças uma corda
Só te darei uma linha
 Não fosses tu papa-açorda
Dar-te-ia outra coizinha.

Lembrei-me dos malmequeres
A que se arrancam as folhas
Se tu já não me queres
Por que razão para mim olhas?

Senão olhasse para ti
Seria porque era cego
Agora que te perdi
Estou perdido não nego.

Cada um é para o que nasce
Eu nasci para rimas ajustar
Se graça houver alguém que lhes ache
Já não me posso queixar !

PÓ E CINZAS



Uma laje muito fria
Sob as nuvens o sol displicente
O ânimo condizente
O vento sopra nostalgia.

Pedras repousam colina acima
Sobre elas árvores debruçadas
Uma espécie de microclima
Diferencia as madrugadas.

As noites têm outra aragem
E as estrelas lá no céu
São romeiros numa viagem
Na qual viajo também eu.

Rangendo a pedra de mó
Esmaga os grãos de trigo
Reduzindo tudo a pó
O mesmo que trago comigo.

As chamas duma fogueira
Dissipam tudo na floresta
Do fogo da vida inteira
A cinza é tudo o que resta!

FANTASIAS



Sei que será certo o teu regresso
Sinto uma ansiedade indizível
Acredito que seja possível
A felicidade que ainda desconheço.

Foi no céu que li estes sinais
Numa noite de lua deslumbrante
Desde então já não duvido mais
de que irás voltar a cada instante.

Cada vez mais esta certeza
Toma conta do meu viver
Mentalmente antecipo a beleza
Que o teu rosto ainda deve ter.

Lembrar o corpo de linhas tão esguias
Que a ti me acorrentou para sempre
É outra das muitas fantasias
Que ora me habitam constantemente.

Se soubesse onde te demoras
Iria cantar-te uma serenata
Para te dizer se é que tu ignoras
Que a tua ausência aos poucos me mata!

AS HORAS BOAS



A carícia que fazes no meu rosto
O beijo que deposito na tua testa
São o limar de uma nefasta aresta
Que nos houvera um pouco indisposto.

Não sei por que razão às vezes corre mal
O que entre nós é sempre tão forte
Que me pergunto se um dia a própria morte
Porá entre nós um ponto final.

Sabemos muito bem que não vale a pena
Nos indispormos por um quase nada
A vida é uma viagem tão pequena
Que chegará ao fim numa saltada.

Vejo que já tens os teus olhos húmidos
Talvez devido às palavras que não te digo
Mas sabes que terás em mim um braço amigo
Nos momentos felizes e nos infurtúnios.

Agora que estreitamente nos abraçamos
O pulsar tão unidos dos nossos corações
Diz-nos que no caminho por onde vamos
Serão mais as horas boas do que as maldições!

A TUA IMAGEM



O ruído dos teus passos já ao longe
Desperta dentro de mim um não sei quê
Uma auréola que me rodeia e não se vê
Ainda assim dos meus olhos jamais foge.

É sempre renovada a incomparável visão
Da tua imagem que ante mim se perfila
Porque é sempre nova a emoção
Que no meu corpo em suaves gotas se destila.

O quanto procurei pela vida fora!
Uma imagem que à minha se ajustasse
Quando te vi percebi sem demora
Que o destino não me deixava que duvidasse.


Cantaram no céu as inefáveis aves
Num chilrear que augura a eternidade
Traziam no bico as ditosas chaves
Que abrem as portas à felicidade!


Quando estou só a tua imagem me guia
Seja qual for o tempo que faça
Um vento bonançoso me desvia
De uma qualquer possível desgraça !

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