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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

O PRECONCEITO

Closeup of Gerber Daisy flower 

Só por mero preconceito
Se fala indirectamente
Com quem se encontra sujeito
A nos ter sempre na mente...

Não sei bem se por amor
Por carinho ou devoção
Perdemos o coração
Por quem nos faz sentir dor.

Esta chama exuberante
Que incendeia o nosso peito
O teimoso preconceito
Quer matar a cada instante...

Não é uma boa lida
Aconselhar toda a gente
Sem nos olharmos de frente
Perguntando de seguida:

Que quero fazer da vida
Cerrando tanto os meus olhos
Que sem ver piso os escolhos
Que podem causar ferida?

DE SÃO DE LOUCO...



Quando me chamam maluco
Nunca sou surpreendido
Porque de são e de louco
Todos nós temos um pouco
Nem sequer fico ofendido.

E se dizem que sou doido
Nunca faço espalhafato
Nem a quem diz contrario
Apenas olho e me rio
Na cara do insensato.

Sou tão são e sou tão louco
Como qualquer criatura
Somente um pobre coitado
Que se ache sempre ajuizado
É maluco e não tem cura.

Dizem certos relatórios
Que entre nós em Portugal
Há muitos analfabetos
E outros que são pouco espertos
Mas é mentira afinal...

Somos um povo de sábios
Que a olho nu sabem ver
Quem é louco ou tem juízo
E nem sequer é preciso
Saber bem ler e escrever!!!

O LIO

Reflections in Maroon Lake, Colorado 

Como quem anda ao rebusco
Apanhei a tua mão
Na minha senti o susto
E o tremer da tua agitação.

Sem qualquer movimento brusco
Permites já resignada
A segunda mão poisada
Sobre o teu airoso busto.

A voz gritante dos sentidos
avança com rapidez
Perdem toda a lucidez
Os corpos no chão cingidos.

Entra por sorte na conta
O querer dos dois amantes
Não somente os impulsos instantes 
Duma acção inócua e tonta.

No céu resplandece o azul assombroso
As árvores peneiram o sol entre os ramos
De nós e em nós derramamos
O lio de todos mais precioso!

A MINHA MÃEZINHA



A minha mãe é uma princesa
Uma princesa de verdade
Não que seja da realeza
Mas porque é feita de bondade.

Quando me lava veste e penteia
Fala-me sempre com brandura
Diz-me tudo com duçura
Olha-me com olhos de lua cheia.

Gosta de brincar comigo
Fica feliz se me vê a rir
Presta atenção ao que lhe digo
Canta para me deixar dormir.

A minha mãezinha como eu a adoro!
Ela nunca me trata mal
Quer eu ria quer eu chore
O seu amor é sempre igual.

Quando adoeço muito activa
Tudo faz para não me ver sofrer
Parece capaz de morrer
Para me dar a sua vida!

A SAGA HUMANA



Sobre a fina areia da praia
O sol na imperceptível subida
Sem ter tirado ainda a saia
Estende-se descontraída.

Algo prende o meu olhar
Que por ora não identifico
Não sei se por admirar
Ou se por achar ridículo.

Destraidamente abstrato
Sigo as calmas águas do mar
Mas no momento imediato
Prende-se de novo o meu olhar.

O que houvera pressentido
Agora se mostra evidente
Ali mesmo à minha frente
Só com um biquíni vestido.

Dois tesouros duas relíquias
O mar e uma mulher linda
O amor e as horas idílicas
A saga humana infinda!

MÃES... e MÃES!



Fosse minha a tua mãe
Como eu seria feliz
Que a minha não me quer bem
Se afirmo ela não me contradiz.

Quem tem uma mãe tem tudo
Eu tenho e não tenho nada
Nunca foi pessoa amada
Mesmo quando era miúdo.

Ter uma mãe emprestada
Se calhar será melhor
Do que ter o desamor
Duma mãe desnaturada.

Não será uma moda louca
Vermos que cada vez mais
Os filhos se agarram aos pais
E as mães a um cigarro na boca?

O pai cuida do filho com jeito maternal
Enquanto a mão observa despreocupada
Da mãe que era tudo já não resta quase nada
Após o corte do cordão umbilical.

Faz pena e causa muita tristeza
Que a mulher por sua iniciativa
Perca a sua maior riqueza
Prescindindo da sua maior prerrogativa!

PEQUENA AVENTURA

complicado.JPG

Quando não faz muito vento nem frio
Gosto de ler sentado à beira-mar
Erguer os olhos e ver algum navio
Que vá a partir ou venha a chegar.

Três casais de melros quando é tempo
Constroem cada um em sua parte
Ninhos que são puras obras de arte
Resistentes quer à chuva quer ao vento.

Ao fim de catorze dias de choco
Eclodem dos ovos os filhotes
Que após catorze dias já grandotes
Deixam o ninho agora um depois mais outro.

As primeiras horas são cruciais
Para a sobrevivência destas crias
Que alimentadas pelos pais
Já voam bem passados poucos dias.

Outra postura já vem a caminho
Fazem três em cada ano
Usar mais uma vez o mesmo ninho
Também pode fazer parte do plano.

Bancos de jardim e livros de leitura
Árvores pássaros e ninhos
Porto de Mar águas e navios
São as premissas duma pequena aventura!

A FOZ DO SADO

That the light house of Sado Island

Batem na escura muralha uma a uma
As ondas salgadas da foz
Por entre o rendilhado da espuma
Chega o marulhar da sua voz.

São tantas as voltas que dão
Até chegar ao seu destino!
Na margem após rebentação
Oferecem um bordado lençol de merino.

Ora se elevam muito alto
Enroladas numa esbelta curvatura
Ora se lançam num grande salto
E se convertem numa suave planura.

São as águas dum rio maravilhoso
Que na foz se juntam com as do mar
No imenso abraço amoroso
Da baía que se alarga para as acoitar!

CAMPANÁRIO

Campanario25356 Camporredondo

Árvores ao longo dos caminhos
Num descampado solitário
Parecem dizer-me segredinhos
Ainda longe do campanário.

Os sinos lá nas alturas
Começaram a badalar
Acorrendo muitas criaturas
À igreja do seu lugar.

Com sinceras rezas e rezinhas
Os devotos crentes agradeciam
A muitos santos e santinhas
Os milagres que por ali faziam.

De repente soaram os trovões
Com um ribombar premente
Sobressaltaram-se os corações
Qual deles o mais temente...