A BURRICE
Tu que te andas a esconder
Esqueces que não sofro de cegueira
Nem percebes que sou o primeiro a ver
E que só tu cais na tua ratoeira...
Ninguém tem culpa do que é ao nascer
Quer nasça mais ou menos inteligente
Mas encontrar na burrice prazer
Não é proeza própria de gente...
Tanto pisas o fio da navalha
Que o andar já trazes calejado
A estupidez jamais te atrapalha
Porque dela vives rodeado...
Não pode haver maior obscuridade
Do que não ver o que aos olhos se depara
De quem te escondes em ti repara
E enoja-se da tua indignidade...
Do modo dissimulado como actuas
Perdes-te nas trevas desumanas
Nem mereces partilhar as ruas
Com o cidadão que julgas que enganas...