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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

CAMINHANDO E RIMANDO

                                                                                                                              

Este azul do rio Sado

Em Lisboa eu não vejo

Nas águas do rio Tejo

Dito muito iluminado.

 

A encosta imponente

Mira a baía do rio

Cuja planura é frequente

Do Outono ao estio.

 

Uma poupa sobre a relva

Um espécime  pouco visto

Entre as ervas uma acelga

Pormenores que registo.

 

O cheirinho a alfazema

Tal como o do alecrim

Que vêem deste jardim

Dizem que andar vale a pena.

 

Onde quer que tenha ido

Tudo é sempre como novo

Nada é jamais repetido

Na cidade ou no povo.

 

Caminhando e rimando

Sobre o que o olhar alcança

Renovo minha esperança

Nos dias que vão chegando!

 

 

O MEU CAMINHAR

 

Nestes dias friorentos

Em que a chuva nos dá tréguas

Torno as jornadas mais quentes

Percorrendo muitas léguas.

 

Com o Sol recofortante

A bater-me bem no rosto

Ainda sinto mais gosto

No meu caminhar constante.

 

Reparo sempre nas plantas

Assim nunca me aborreço

Sei o nome de umas tantas

De muitas mais desconheço.

 

Temos aqui uma euforbia 

Mais além vejo uma ficus

Entre nós não há discórdia

Prantas e eu somos amigos.

 

Eis também o saramago

Logo a seguir a margaça

É tão grande a sua graça

Que valem como um afago.

 

Últimos que são primeiros

O braço do rio Sado

Com seus múltiplos lameiros

Que vemos por todo o lado!

ALÉM DO INFINITO

 

Antes até me aprazia cantar

Hoje impera apenas a solidão

Nada há que valha a pena recordar

Nem sonhar com os dias que virão.

 

Olho o céu a tocar o horizonte

Tentando ver além do infinito

O passado não tem sido bonito

Pode ser que o futuro o confronte.

 

Passei a vida sem me aperceber

Que o tempo passa sem darmos por isso

Não é por obra de qualquer feitiço

Que a angústia tomou conta do meu ser.

 

Esvaiu-se tudo aquilo que era belo

As coisas lindas andam em desnorte

O bem caiu aos pés do mal em duelo

A esperança já resta só na morte!

ESSE DESEJO

                                                                                                                        

Um dia li no teu olhar

Um desejo que não dizias

Desde então vivo a esperar

Que faças outros dos meus dias.

 

Acordo muito sorridente

Se o sonho é sobre o teu olhar

Feliz porém serei somente

Quando for mais do que sonhar.

 

Sendo ela a última a morrer

A esperança trago comigo

Ainda havemos de viver

Esse desejo que persigo!

POR VIA DA AUSTERIDADE

Não poderei viajar

Após tanta austeridade

Só me resta passear

Aqui pla minha cidade.

 

Avenida Belo Horizonte

Actividades no cais

São uma ótima fonte

De vistas senhoriais.

 

Reconhecer à distância

Prédios que rompem o céu

Tem alguma relevância

No dia a dia que é meu.

 

As inúmeras estradas

Que percorro no Concelho

Dizem-me que não estou velho

Para longas caminhadas.

 

Dialogo com as ruas

Travessas e avenidas

Quer as minhas quer as suas

Não são conversas perdidas.

 

Se a via não tem saída

Um atalho ou escada

Levam em menos de nada

À direcção pretendida.

 

Na companhia da flora

Assim como de animais

Lá vou indo estrada fora

Entre soutos e pinhais.

 

Às vezes do lado inverso

A paisagem parece outra

O olhar fica disperso

E a confusão não é pouca.

 

Uma lonjura à primeira

É sempre muito comprida

À segunda e à terceira

Já fica mais reduzida.

 

Sob o céu que nos abriga

Mais o Sol que tudo aquece

Caminhar traz a fadiga

Que somente me enriquce!