Vínhamos da nossa aldeia
A caminho da cidade
Sob a luz da lua cheia
No seu olhar vi ansiedade.
Num impulso repentino
Mais a mim se recostou
E ainda mais inclinou
O rosto com ar libertino.
Chegou ao fim da descida
E libertou o prisioneiro
Que já forçava a saída
Aflito no cativeiro.
Mal o fez sair da toca
sacudiu-o com a mão
E retirou-lhe a aflição
Com movimentos da boca...
Sem segundas intenções
Estávamos na bricadeira
Ela trajando de calções
Tinha as pernas à minha beira.
Por elas muito atraído
Acariciei-as com a mão
E logo fui invadido
Por uma forte excitação.
Com o seu braço apoiado
No meio das minha pernas
Ela sentiu-me excitado
Mas não se pôs com reservas.
Para coroar a brincadeira
Meteu a mão calças adentro
De lá sacou o rebento
E a sua mão fez de pulseira...
No mundo há muitas maravilhas
Mas as melhores que conheço
São umas que não têm preço
As que tu comigo partilhas.
A deliciosa maravilha
Dos mimos que a tua mão me faz
A encantadora partilha
Do teu precioso lado de trás.
Os beijos que a tua boca espalha
Quando pelo meu corpo passeia
E finalmente ela encalha
Onde o corpo já se alteia.
E a maravilha mais perfeita
Que está na tua parte frontal
Onde se espraia satisfeita
A minha parte genital...
Fora como uma faísca
Que logo me incendiou
Ao princípio muito arisca
Mas depois tudo mudou.
Até no dia de carnaval
Desde manhã ao entardecer
Ela levava tudo a mal
Nada me deixando fazer.
Mas o tempo bom conselheiro
Deu bem conta do recado
Ela abriu o mealheiro
E eu fiquei aliviado.
Transposta a principal porta
Seguiram-se as mordomias
passaram a letra morta
As reservas de outros dias...
Pensei que ficava a salvo
De fazer-me só o que quer
Escondendo bem o alvo
Por detrás de um fecho éclair.
Adormeci e por azar
Acordando meio ensonado
Tinha o alvo aprisionado
Dentro de um outro lugar.
Levou avante a teimosia
Não é que isso me desgoste
Custa-me apenas que ela aposte
Sempre na mesma fantasia.
Se gosta de ser diferente
tenho uma ideia singela
Que me dê como um presente
O que tem escondido atrás dela...
Nas páginas do meu diário
Procurei apontamentos
Acerca de acontecimentos
Com algo de extrtaordinário.
Encontrei nalgumas delas
Relatos pouco vulgares
Como aquele de te debruçares
Á minha frente sobre as janelas.
Não trazendo nada sob a saia
Nestas mesmas ocasiões
Davas-me passagem à laia
De passadeira para peões.
Mas o mais invulgar consiste
Em que um dia muito matreira
Baixaste um pouco a passadeira
Que atravessei de peão em riste...
Passeando com uma amiga
Não era um sentir passageiro
Aquele forte formigueiro
Que me causava a rapariga.
Ao passar por um recanto
De todo não resisti
Apertei-a contra mim
Reagiu cheia de encanto.
Mãos no meu peito se baixou
Até onde muito bem quis
Com sofreguidão me beixou
E eu nunca fora tão feliz.
Porque me achava bom rapaz
Ela me disse à despedida
Vais saber do que sou capaz
na nossa próxima saída...
Mostrava-se insinuante
Mas só falando a brincar
Esperei sempre confiante
Que fosse além do falar.
No rosto trazia mistério
Nas faces a cor de rosa
E me falou muito a sério
E foi séria e espantosa.
Toda encostada ao meu peito
E de frente para mim
Pondo-a um pouco mais a jeito
Ela disse-me que sim.
As surpresas que me trouxe
Eram mais do que promessas
Umas vezes ajoelhou-se
Outras deitou-se às avessas...
Delicado estendi-lhe a mão
Para ajudá-la a descer
Não havia outra intenção
Naquele meu proceder.
Mas fiquei a conhecê-la
E algum tempo depois
Em frente duma cancela
Conversávamos os dois.
Além da cancela havia
Um imenso arvoredo
Eu entrei e ela sem medo
Seguiu na minha companhia.
Atirando fora as chaves
Das entradas do museu
Não me pôs quaisquer entraves
E levou-me até ao céu...
Quem me dera estar contigo
Como em tempos que já lá vão
Entrava a luz pelo postigo
Iluminando-te em acção.
Após as curtas conversas
Que nós dois tinhamos antes
Agias de formas diversas
Todas elas excitantes.
Em nenhuma situação
Ficava ausente a tua argúcia
Em tudo punhas a minúcia
De quem almeja a perfeição.
A tua mão muito expedita
E os teus afagos labiais
Antecediam a visita
A qualquer um dos teus quintais...