![IMG_1093.jpg IMG_1093.jpg]()
Esta chuva miudinha
Molha o tolo e toda a gente
Deixa a roupa ensopadinha
E há quem fique até doente!
Cai dumas nuvens pardacentas
Que não deixam o Sol brilhar
E passam as horas tão lentas
À espera de a ver abalar!
Mas se o Sol brilhar finalmente
Ainda que por lapso breve
Ficarei eu assaz contente
E o meu pesar muito mais leve.
Sob a chuva e o Sol e o vento
O mal e o bem andam a par
Vivem pessoas ao relento
E muitas outras no seu lar!
Interrogo-me sobre o meu destino
Que se apressa em direcção ao fim
Esforço-me porém não atino
Com saber o que vai ser de mim.
Poucas as alegria o negrume
Adensa-se com o correr do tempo
Pouco mais sendo do que queixume
A vida perde-se qual cinza ao vento.
Resta a esperança é fácil dizer
Mas se esta já se encontra morta
Não há janela ao fechar-se a porta
Nada mais resta senão sofrer.
A morte será sempre nefasta
Só a vida poderá ser bela
Mas quantas vezes não é ela
Em vez de mãe uma madrasta?
Diga-me lá quem souber
Como ter serenidade
Conjugar dor e prazer
E ser feliz de verdade
Deixar abalar a alma
A seguir o seu instinto
Não perder jamais a calma
Ao cair num labirinto
Olhar o mundo e concluir
Que acharemos o seu fim
Nunca por nunca desistir
De tornar bom o que é ruim
Fazer do sonho uma arma
Que derrote a malquerença
Ter ainda boa presença
Quando a sorte nos descarna
Descortinar a ilusão
Quando seja traiçoeira
Não cair na ratoeira
De ceder à presunção
Desmascarar o cinismo
Oculto em palavra mansa
Nunca perder a esperança
Mesmo à beira do abismo
Perdoar uma traição
Que fere até às entranhas
Resistir à tentação
De proceder com artimanhas
Encararmos o devir
Sem deixar cair os braços
Podermos sequer sorrir
Se a vida nos tolhe os passos?
![]()
Ergo os olhos e reparo
Que há no céu muito nublado
Nuvens negras de braço dado
Com outras de tom mais claro.
Lembram o Março marçagão
Com as manhãs de invernia
E um Sol mais de verão
Já depois do meio dia.
Na Natureza procuro
As defesas que me faltam
E consigo erguer um muro
Contra os medos que me assaltam.
Na Natureza eu encontro
Uma força especial
Que me ajuda a vencer o mal
Com que por vezes me defronto.
Ao ar livre me sinto bem
Dialogando com o que vejo
Como quando abraço alguém
E lhe dou um longo beijo!
![]()
Hoje já é outro dia
Como dizer-se é costume
E tal como eu queria
Outra ideia veio a lume.
Conforto embora fugaz
Trazem-me os versos que faço
E são como que um abraço
Amigo em tempo de paz.
As palavras vão chegando
E aos poucos arrumadinhas
Elas falam de coisas minhas
E das que vou observando.
Não há palavras forçadas
Todas chegam livremente
Algumas já alinhadas
Como se eu estivesse ausente.
Lanço ao céu o meu olhar
Vejo que se mostra azul
E enxergo também o mar
Que se estende lá pra Sul.
Pequenas ondas vão brincando
Ao vento que sopra leve
E criam de vez em quando
Espuma branca de neve.
Ao longe no horizonte
Há nuvens cor de zarcão
Protejo os olhos com a mão
Que o Sol me bate defronte.
Não são de literatura
Os meus versos eu convenho
Mas na sua urdidura
Talvez haja algum engenho!
![]()
Finalmente me chega uma ideia
Ao meu hábito de rimar
Por mais que a rima seja feia
Não deixará de me ajudar.
Caminho todos os dias
E ao rimar em tais andanças
Me afasto das arrelias
Que me ferem como lanças.
Caminhante persistente
Trato o corpo ao caminhar
E exercito a minha mente
Pondo as palavras a rimar.
Corpo mente e a Natureza
Uma boa trilogia
Neste tempo de incerteza
Um remédio que alivia.
Para mim hoje será
Um dia de boa hora
Venha amanhã oxalá
Outra ideia como agora!