A TALHE DE FOICE
Às vezes nas irmandades
Como no vinho toldado
Impuras por todo o lado
Boiam as cumplicidades.
Um amigo por irmão
Muito mais cedo que tarde
Há-de dar-lhe um apalpão
Sem que ela lhe chame alarve.
Como soía afirmar
De sua graça o Tasquinha
Só um burro e uma galinha
Não podem acasalar.
Aqui na minha cidade
Anciãos e anciãs
Diziam que era verdade
Que uma jovem pariu cães.
Talvez no mundo invertido
E mesmo assim com reservas
Certas crenças tão palermas
Possam ter algum sentido.
Estas ânsias permanentes
De homens usarem malinhas
Cujos naturais utentes
Eram só as senhorinhas
Vão baralhando o meu tino
E levam-me a duvidar
Se algo inda mais feminino
Não queiram vir a usar...