NAS ESTRADAS
Um risco ao longo da estrada
Traçado com tantas curvas
Que lembram dedos de luvas
De mãos duma doce fada.
Lá ao fundo numa curva
Da estrada não do risco
Não vejo bem mas arrisco
Por terra há uma luva.
A luva não está caída
Mas sim calçada na mão
Dum corpo que jaz no chão
De alguém que perdeu a vida.
O sangue vermelho escuro
Já começa a ficar seco
Sinto-me dentro dum beco
Em que ninguém está seguro.
Procuro aquela saída
De que outros vão à procura
Talvez salvar uma vida
Nas estradas da loucura.
Não bebi estou sereno
Sempre dentro dos limites
Mais vale um sonho pequeno
Do que os loucos apetites!