Caminhando e vendo
Somente as coisas profundas
Enchem a alma ou lá o que é
Lavam as chagas imundas
Emprestam razão à nossa fé.
Ali do meu lado direito
Há uma escada sempre a subir
Leva a um cenário perfeito
Que ninguém pode esculpir.
Do seio da natureza
Floresce o belo universal
Só entende a sua beleza
Quem não sabe fazer-lhe mal.
Os olhares que ficam presos
Numa araucária que rompe o ar
Vêem no céu os relevos
Que as nuvens sabem desenhar.
E o castelo de Palmela
Que acaba de entrar em cena
Fecha com brio a tela
Esboçada por mim neste poema!
Mas à noite a cidade fica
Morta por despovoada
E empobrece a caminhada
Que à tarde fora tão rica.
Na imensa solidão
Dos passeios desnudados
caem-me os olhos no chão
Tristonhos e angustiados...