Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

A LUZ DO SEU OLHAR




Se os seus olhos que tanto brilham
Viessem na minha direcção
Seguramente lhe diriam
A quem pertence o meu coração.

Se os seus olhos de cor tão bela
Se cruzassem com o meu olhar
Seriam a única estrela
Que havia de me guiar.

Mas os seus olhos são montanhas
Que os meus não podem trepar
Deixam-me sempre às aranhas
Se procuro o seu olhar.

Viajam noutro planeta
Os olhos da minha amada
O amor é já só paixoneta
Que a esperança está gorada.

Nem dias de Sol nem noites de luar
Trazem a luz requerida
Só a luz do seu olhar
Traria luz à minha vida!

SAUDADES



Quantos dias se sumiram
Quantos passarão ainda
Quantas noites não dormiram
Aguardando a tua vinda!

Tantos dias de agonia
De saudades rodopiando
Tantas as horas do dia
Quantos ais por ti suspirando!

A tristeza não se intervala
Assentou arraiais em mim
Tu não vens ela não abala
É uma rota sem fim.

Se ao menos tivesses deixado
Uma semente dentro de mim
Seria como um recado
Que me trouxessem de ti.

Nenhum recado me deixaste
Nenhum recado de ti chegou
Partindo contigo levaste
O amor que a mais ninguém dou.

QUANDO ESTOU SONHANDO

M81 and M82 in Ursa Major

Nesta sala escura e tão fria!
Prisioneiro entre quatro paredes
Sou um peixe apanhado nas redes
Do pescador da minha nostalgia.

Não tenho sido assim a vida inteira
Dentro do meu ser também floresceu
A rosa de uma linda roseira
Cujo odor em mim ainda não morreu.

As suas mãos nas minhas enlaçadas
São as memórias de uma outra era
São mais um conto dos contos de fadas
São a morte que vive à minha espera.

Aquela estrela ali na Ursa Maior
A qual em noites claras ainda espreito
Era a luz do meu rio de amor
Cujas águas secaram no seu leito.

No meu quarto da cama adormecida
De longe vem uma voz se aproximando
Uma voz cada vez menos sumida
Que em mim suspira quando estou sonhando!

SENHORA



Não é por ingenuidade
Que se tem um sentimento
Que toma a nossa vontade
Sem pedir consentimento.

Nem é por qualquer cegueira
Que se ama sem remissão
Manda mais o coração
Mesmo quando não se queira.

Não pode o animal selvagem
Deixar o seu habitat:
Não é falta de coragem
A vida é que o prende lá.

As grades duma prisão
Às vezes são amovíveis
Mas as do amor é que não
Porque essas são invisíveis.

Me enredaste, ó sedutora,
Numa malha bem urdida
Agora és tu senhora
Do resto da minha vida!

O PRECONCEITO

Closeup of Gerber Daisy flower 

Só por mero preconceito
Se fala indirectamente
Com quem se encontra sujeito
A nos ter sempre na mente...

Não sei bem se por amor
Por carinho ou devoção
Perdemos o coração
Por quem nos faz sentir dor.

Esta chama exuberante
Que incendeia o nosso peito
O teimoso preconceito
Quer matar a cada instante...

Não é uma boa lida
Aconselhar toda a gente
Sem nos olharmos de frente
Perguntando de seguida:

Que quero fazer da vida
Cerrando tanto os meus olhos
Que sem ver piso os escolhos
Que podem causar ferida?

A SAGA HUMANA



Sobre a fina areia da praia
O sol na imperceptível subida
Sem ter tirado ainda a saia
Estende-se descontraída.

Algo prende o meu olhar
Que por ora não identifico
Não sei se por admirar
Ou se por achar ridículo.

Destraidamente abstrato
Sigo as calmas águas do mar
Mas no momento imediato
Prende-se de novo o meu olhar.

O que houvera pressentido
Agora se mostra evidente
Ali mesmo à minha frente
Só com um biquíni vestido.

Dois tesouros duas relíquias
O mar e uma mulher linda
O amor e as horas idílicas
A saga humana infinda!

O HOMEM SE CONSOME



Tantas flores cada uma com seu matiz
Eram um irrefutável convite
Para me sentar ao lado do chafariz
Enquanto não chegasse o apetite.

O que chegou vinda da entrada
Foi uma jovem muito elegante
Dirigindo-se para onde se encontrava
A minha pessoa repousante.

Um outro perfume se elevou na atmosfera
Entre mim e o daquelas lindas flores
Por vezes nascem os amores
Quando menos a gente espera.

Uma luta de vontades  se travava
protestando incessante a fome
O desejo galopante intrigava
E assim o homem se consome!

FANTASIAS



Sei que será certo o teu regresso
Sinto uma ansiedade indizível
Acredito que seja possível
A felicidade que ainda desconheço.

Foi no céu que li estes sinais
Numa noite de lua deslumbrante
Desde então já não duvido mais
de que irás voltar a cada instante.

Cada vez mais esta certeza
Toma conta do meu viver
Mentalmente antecipo a beleza
Que o teu rosto ainda deve ter.

Lembrar o corpo de linhas tão esguias
Que a ti me acorrentou para sempre
É outra das muitas fantasias
Que ora me habitam constantemente.

Se soubesse onde te demoras
Iria cantar-te uma serenata
Para te dizer se é que tu ignoras
Que a tua ausência aos poucos me mata!

AS HORAS BOAS



A carícia que fazes no meu rosto
O beijo que deposito na tua testa
São o limar de uma nefasta aresta
Que nos houvera um pouco indisposto.

Não sei por que razão às vezes corre mal
O que entre nós é sempre tão forte
Que me pergunto se um dia a própria morte
Porá entre nós um ponto final.

Sabemos muito bem que não vale a pena
Nos indispormos por um quase nada
A vida é uma viagem tão pequena
Que chegará ao fim numa saltada.

Vejo que já tens os teus olhos húmidos
Talvez devido às palavras que não te digo
Mas sabes que terás em mim um braço amigo
Nos momentos felizes e nos infurtúnios.

Agora que estreitamente nos abraçamos
O pulsar tão unidos dos nossos corações
Diz-nos que no caminho por onde vamos
Serão mais as horas boas do que as maldições!

A TUA IMAGEM



O ruído dos teus passos já ao longe
Desperta dentro de mim um não sei quê
Uma auréola que me rodeia e não se vê
Ainda assim dos meus olhos jamais foge.

É sempre renovada a incomparável visão
Da tua imagem que ante mim se perfila
Porque é sempre nova a emoção
Que no meu corpo em suaves gotas se destila.

O quanto procurei pela vida fora!
Uma imagem que à minha se ajustasse
Quando te vi percebi sem demora
Que o destino não me deixava que duvidasse.


Cantaram no céu as inefáveis aves
Num chilrear que augura a eternidade
Traziam no bico as ditosas chaves
Que abrem as portas à felicidade!


Quando estou só a tua imagem me guia
Seja qual for o tempo que faça
Um vento bonançoso me desvia
De uma qualquer possível desgraça !