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Até quando continua
A minar-nos tal maleita?
É preciso pôr na rua
Esta malévola seita...
Como andava distraído
O votante que labuta
Ao dar maioria absoluta
Aos que o têm perseguido...
Estes são aqueles que outrora
Roubaram a trabalhar
Os reformados que agora
Voltam de novo a roubar!
Um imposto sobre outro imposto
O antigo complementar
Fora só um pressuposto
Do que nos iam roubar...
Se votarmos revoltados
Nos que antes nos revoltaram
Seremos sempre roubados
Plos votos que nos lograram...
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Logrou-me o meu nobre intento
De atentamente escutar
Os do gato fedorento
Fazendo humor a miar.
Depois de tanto os ouvir
Dei comigo a cogitar:
Eles não me fazem rir
Será que devo chorar?
Não vêm sós as desgraças
Chegam umas após outras
São umas tristes chalaças
As destas felinas bocas.
Que raio de malta é esta
Que caiu no canal um
Será que o que dizem presta
Ou não tem préstimo algum?
Já eram bastante agrestes
Os programas de má rês
Dos que falam português
Para quê inda mais estes?
Basta,senhor locutor!
De conversas com o nu
Remende-se, por favor,
Não se lhe vá ver o cu...
Fatos novinhos em folha
E já tão esburacados!
Tapá-los com uma rolha
Talvez dê bons resultados...
Até parece uma praga
Pra que não lhe encontra cura
Nem certo bispo de Braga
Com toda a sua candura...
Pedras mal arremessadas
Caem sobre quem atira
Quais palavras adoçadas
Com açúcar da mentira.
Locutor homem de farsas
Locutora avessa a saias
Todas são poucas as vaias
Pra criaturas tão falsas!
O mestre que tudo ensina
É o Deus filho do homem
Que ninguém não discrimina
Sendo Deus e sendo Homem!
Se o longe afasta o contacto
Há que saber inventar
E usar sempre bem o tacto
Para não se extraviar...
Uma dúvida é fatal
Não se pode recuar
Para trás só fica o mal
Mais não há do que avançar...
Rompendo velhas fronteiras
Diáfanas quando outrora
Encobertas por viseiras
Não se viam como agora...
Vence sempre o pescador
Que navega sobre as águas
E sabe curtir as mágoas
Tendo o mar ao seu redor!
Se o olhar se ergueu um dia
Deixá-lo outra vez baixar
Marcha à ré a navegar
Pra sempre se ficaria!
Tinha perdido o caminho
Que voltei a encontrar
Falou-me Jesus baixinho
No seu surdo segredar!
![vaidoso.jpg]()
O verdadeiro vaidoso
Quer ser vaidoso sozinho
Um poeta consciencioso
Assim não é tão mesquinho.
Os poetas mais talentosos
Sabem que, pra bem escrever,
Não podem ser presunçosos
E os outros têm que ler.
Versos em bom português
Podem ter valor ou não
Os escritos de viés
Nem sequer uns versos são...
Fossem por outros escritos
Os versos que tu escreves
Não vias o que percebes
Nos teus papéis manuscritos...
Falas dos teus sentimentos
Em palavras proferidas
Que dizem coisas diferentes
Das que são por ti sentidas...
O ruído da multidão
Num alarido constante
Despertou-me e num instante
Entrei na revolução.
Qualquer revolta de um povo
Sempre agita e revolve
Mas, logo a seguir, de novo,
Tudo o que fora já volve.
Alguém morre ou fica ferido
Porque a sorte é sempre a mesma
E ao povo desiludido
Já o engoliu o aventesma.
O demagogo incendeia
As razões que são do povo
Levando-o sempre de novo
A cair na sua teia.
Os homens desprotegidos
Vão atrás da utopia
Esquecendo a cobardia
De quem os deixa traídos.
Mas a revolta passou
E lá vão uns figurões
Concorrer às eleições
Que a sua vez já chegou.
Não é nobre a profissão
Que as carências manipula
E proventos acumala
Iludindo o cidadão...
Uma graça que seduz
Porque enche bem as medidas
Têm as mais repetidas
Da doutora Joana Cruz...
Músicas que são ouvidas
Em Rádio escolhida à toa
Serão elas mais pedidas
Como a sua voz entoa?
Dos nomes que sói dizer
A verdade me aparece
Como se alguém me dissesse
Que amanhã ia morrer!
Aposto que é bem capaz
De inventar o que a voz diz
E depois ficar em paz
E até mesmo ser feliz!
Com ou sem Joana ao leme
Sejam ou não mais pedidas
São sempre as mesmas cantigas
Que se ouvem na "RFM"!
Novo... criatividade
São umas palavras ocas
Quando saídas de bocas
Que exalam mediocridade!
Abel
Uns acham-lhe muita graça
Outros chamam-lhe Araújo
Mas cá para mim não passa
Duma graça de sabujo...
Terá graça porventura
Desrespeitar as crianças
Envolvendo-as em andanças
Com pornografia à mistura?
Uma situação invertida
Não tem graça por milagre
Talvez seja humor alarve
Mas não graça bem urdida.
As crianças vulneráveis
São vítimas de gracinhas
Que nada têm de amáveis
Nem são nada engraçadinhas.
Meta a viola no saco
Leia outra vez Dom Quixote
Somente um artista nato
Sabe dizer um dixote!
Ora bolas para o gato
Cada vez cheira mais mal
É tão fedorento e chato
O raio do animal!
![coelho.jpg]()
Sejam elas displicentes
Rimas sempre hei-de fazer
Quais filhos deficientes
Têm direito a viver.
O que é belo e o que é feio
Têm a vida ligada
Como na escola o recreio
Brinca com a criançada.
Tu, que idolatras o belo
E tanto o feio rejeitas
Vestes do mesmo modelo
As crianças imperfeitas.
Não são passos de magia
Nem coelhos na cartola
Quando mudas a bitola
É por pura hipocrisia.
És um coxo mentiroso
Que não cai em armadilhas
Porque vives untuoso
No seio das camarilhas.
Há muito tempo eu queria
Dizer o que digo agora
O que digo não dizia
Porque não chegara a hora...