Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

O AVESTRUZ

Ostrich Photo

A bondade em demasia
Às vezes é desdenhada
Porque logra a fantasia
Quem de mal não pensa nada.

O homem bom é uma criança
De inocência sem maldade
Faz o bem sempre na crença
De que o bem deixa saudade.

Talvez que a c'roa de espinhos
Simbolize ela o amor
De quem passou tanta dor
Por mor de homens tão mesquinhos

Que sendo caso de escândalo
Só sabem pedir perdão
Mantendo no peito um vândalo
Em vez dum bom coração...

Quem o Menino Jesus
Recebeu indignamente
E ainda se acha inocente
Faz lembrar o avestruz.

A TALHE DE FOICE



Às vezes nas irmandades
Como no vinho toldado
Impuras por todo o lado
Boiam as cumplicidades.

Um amigo por irmão
Muito mais cedo que tarde
Há-de dar-lhe um apalpão
Sem que ela lhe chame alarve.

Como soía afirmar
De sua graça o Tasquinha
Só um burro e uma galinha
Não podem acasalar.

Aqui na minha cidade
Anciãos e anciãs
Diziam que era verdade
Que uma jovem pariu cães.

Talvez no mundo invertido
E mesmo assim com reservas
Certas crenças tão palermas
Possam ter algum sentido.

Estas ânsias permanentes
De homens usarem malinhas
Cujos naturais utentes
Eram só as senhorinhas

Vão baralhando o meu tino
E levam-me a duvidar
Se algo inda mais feminino
Não queiram vir a usar...

UM SILÊNCIO



Poderá haver silêncio
No ruído que o invoca
Numa constante tendência
Que soa de boca em boca?

Saberá estar sozinho
Quem de por si não entende
Que a cada passo depende
Do compadrio mesquinho?

Saberá bem o que diz
Quem repete sem sentido
Uma leitura infeliz
De livro que terá lido?

Terão parado no limbo
Da reflexão filosófica
Pulmões cheios de basófia
Como fumo de cachimbo?

A moeda que se lança
Ao ar sem cair no chão
Brilha na palma da mão
Do silêncio que não cansa...

UMA NOVA ESCRAVATURA



Sem quartel e sem guarida
E com armas desiguais
Perdemos cada vez mais
Nesta luta pela vida .

Os abutres nos rodeiam
Decidem a nossa sorte
E, nos condenando à morte,
Sequiosos se banqueteiam...

Os embustes são urdidos
De maneira natural
E até parece normal
Vivermos empobrecidos...

É tão escasso o nosso pão
E alienante é a cultura
Reina aqui nesta nação
Uma nova escravatura...

Nos trazem acorrentados
Ora sem elos de ferro
E,como que num desterro,
Nos mantêm deserdados ... 

TODOS TÊM O SEU FADO



Um homem não é de ferro
Nem pode cuspir pró ar
E sabe que o seu enterro
Alguém há-de ver passar...

O ferro nem sempre é aço
Todos deviam saber
Pra não fazer de palhaço
Como há quem ande a fazer...

Não são os metais ferrosos
Por mais que se diga bem
Os metais mais preciosos
Que o nosso planeta tem...

Não vale a pena fugir
Ao destino já traçado
Todos têm o seu fado
Não há quem se fique a rir...