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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

CONSPIRA

Pensando que fosse mentira

O que me diz ao ouvido

Eu escuto-a distraído

Nem reparo que conspira.

 

Pouco a pouco se insinua

E vejo com estranheza

A debruçar-se já nua

De barriga sobre a mesa.

 

Se ignorava ao que vinha

Agora eu já sabia

Mas nunca imaginaria

Sobre a mesa da cozinha.

 

Vou-me acercando hesitante

Sem saber o que se aproxima

E ouçou-a dizer de rompante

Hoje quero-te mais a cima,,,

O MEU PALPITE

Como se jogasse na lotaria

Estava certo o meu palpite

E saciei um apetite

Que há muito me consumia.

 

Como quem não quer a coisa

Penetrei onde não devia

Não partindo logo a loiça

Era certo que ela consentia.

 

E satisfiz o meu vício

Nesse e em muitos outros dias

Como tudo o que tem início

Chegaram ao fim  as tropelias.

 

É um vício inefável

Que comigo morrerá

Um prazer tão condenável

Quem nunca o teve dirá...

TENS AQUI A MINHA MÃO

Já não se faz mais pão

Está fechada a padaria

Tens aqui a minha mão

Muito destra e macia.

 

Que maneira de falar

De pôr tudo em pratos limpos

De dizer que vai usar

Os cinco dedos famintos.

 

Não me deixei entristecer

Não era a primeira vez

Que sorrateira me fez

O que acabava de dizer.

 

Isto para não falar

No delírio que provoca

Quando a mão cede o lugar

E ela beija como louca... 

FORNO MAIS ESTREITO

Não era uma fantasia

Que julguei sonhar acordado

Ali estava deitada a meu lado

E era real o que ela fazia.

 

Puxando pôs-me inclinado

E encostou-se à minha frente

Fez-me sentir acossado

Por uma ansiedade pungente.

 

O pensamento se perturba

Quero evitar mas não posso

Em vez de me pôr em fuga

Afundei-me naquele poço.

 

Não sei se é mal ou bem feito

Mas quando me derretia

Dentro do forno mais estreito

Pensei que de lá já não saía...

 

CRAVO ATRÁS DA ROSEIRA

De sorriso após sorriso

franqueaste-me os teus mundos

Agora perco o juízo

Quando não estamos juntos.

 

Perto de ti o sangue ferve

Longe de ti tenho frio

A lembrança só me serve

para ficar mais vazio.

 

Faltam-me a rosa primeira

que colhi no teu jardim

E o cravo atrás da roseira

que punhas em frente de mim

 

E os beijos que me davas

Onde mais te apetecia

E onde mais me agradavas

E de mim eu me esquecia...

 

 

MOEDA AO AR

Não ponhas o soutien

Nem cubras por baixo o regaço

Beijo os seios de manhã

Depois verei o que faço.

 

Antes de a noite cair

Lanço uma moeda ao ar

Será ela a decidir

Onde é que vou pernoitar.

 

Se acaso não te covém

Que seja a moeda a ditar

Será melhor alternar

E assim tudo acaba em bem.

 

Não estás com cara de riso

Preferes improvisar

mas podemos variar

Ainda mais se for preciso...

APANHAR A ESPIGA

Num dia de Quinta-feira

Veio comigo uma amiga

Quero apanhar a espiga

Dizia toda brejeira.

 

Num muro deitou-se de costas

E ajeitou-me no seu regaço

E sem qualquer embaraço

Pôs os seus peitos à mostra.

 

Como que endemoniada

E liberta de receios

Afogou entre os dois seios

A espiga muito aprumada.

 

Olhou para mim e sorriu

Ansiosa a minha amiga

Nos seios roçava a espiga

E a espiga não resistiu...

ROUBOU-LHE A SEMENTEIRA

Começámos com uma valsa

Mas outra seria a dança

A promissora esperança

Que me deu não era falsa.

 

Mal me aflorou um inchaço

Logo me agarrou na mão

Me levou a um terraço

E ajoelhou-se no chão.

 

De joelhos como quem resa

Uma devota oração

Arregaçava a sua presa

Descendo e subindo a mão.

 

Chegada a hora derradeira

Beijou a presa em brasa

Menteu-a dentro de casa

E roubou-lhe a sementeira...

DEBAIXO DA SUA SAIA

Pondo os olhos na laranjeira

Que subia indo às laranjas

Vi umas cuecas de franjas

Numas pernas de feiticeira.

 

Admiti que não sabia

O que me estava a causar

Mas ainda quando descia

Surpreendi o seu olhar...

 

Avançando sorridente

Olhos cheios de convicção

Estava ali na minha frente

O caminho da perdição.

 

Apanhando a laranja caída

Como se fossem conchas na praia

Debaixo da sua saia

Outra fruta foi colhida... 

O MASTRO

 

A tua cabeça desceste

Quando me sentiste ao rubro

A razão por que o fizeste

Nem quero ver se descubro.

 

Os teus lábios sedentos

Sobem e descem o mastro

Que sucumbe aos movimentos

E atrás de si deixo lastro.

 

Jamais me vinha à ideia

Que a tua boca travessa

Gostasse de ficar cheia

e de sugar a remessa.

 

Ajoelhas-te junto à cama

E só deixas de o trepar

Quando o mastro perde a chama

E eu já vi  estrelas no ar...