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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

ATALHOS LIVRES

dedaloicaro.jpg

Quando o calão se mistura
Com a linguagem cuidada
Uma parte será pura
A outra foi copiada.

Não te alcandores, irmão!
Só a verdade respira
Só da verdade se tira
Uma justa conclusão.

Não entres numa floresta
Sem conhecer um atalho
Não distingues sem trabalho
O que é bom do que não presta.

As vozes aduladoras
Enganam bem um sujeito
Dão-lhe asas voadoras
Que não têm parapeito.

Há sempre uns atalhos livres
Que podes calcorrear
Não será bom que te esquives
À vontade de sonhar...

SÍLABAS DE POESIA

fadamelusina.jpg

Às vezes as águas límpidas
Sobre pântanos profundos
Cobrem ´squeletos imundos
Das almas que são mais ímpias.

O pensamento faz caminho
Na palavra que substancia
Palavras belas ao molhinho
Exsudam apostasia.

Palavras emaranhadas
Mesmo cheias de beleza
Lidas morrem esgotadas
Num estertor de leveza.

O despeito esmorece
A coragem do leitor
Que de repente se esquece
Do dever do pundonor.

O sol do ocaso polia
O rosto de Melusina
A fada que nos ensina
As sílabas da poesia...

A PALAVRA

eseforpalavra.jpg

Do Norte, do Sul, do centro,
Toda a pronúncia é boa
Sempre que a palavra entoa
O que vem de cá de dentro!

E se essa palavra diz
Tudo o que se quer dizer
O homem será feliz
Ao dizer tudo o que quer!

E se for palavra amiga
Que nos possa confortar
Eu farei uma cantiga
Para sempre a recordar!

A palavra não esgota
Nunca nunca o pensamento
Por mais que voe co'o vento
A palavra sempre volta!

O MEU TORMENTO

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No eco do meu tormento
Ressoa a alma que chora
As lágrimas do desalento
Que dentro de mim já mora.

As agruras do passado
No presente se renovam
De que vivo angustiado
Os meus males dão a prova.

Finitos ou infinitos
Bondosos ou maculados
Vós,ó Deuses dos aflitos,
Quando é que olhais pra meus lados?!

No Céu procuro o alento
Que possa trazer a cura
Ao meu imenso tormento
À minha imensa amargura!

CRISE EXISTENCIAL

crisexistencial.jpg

Esta é uma luta sem tréguas
Que terei de guerrear
Hoje e sempre sem cessar
Como quem palmilha léguas.

Louvo a crítica com ética
Prenhe de frontalidade
Mas condeno a acção patética
Dos insultos com maldade.

Não me atrevo a pactuar
Com crises existenciais
Que acabam por descambar
Nos ataques pessoais.

Em todo o seu proceder
Se manifesta um varão
Odiando ser mulher...
Pune os homens sem razão!

UMA NOVA EMOÇÃO

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Uma nova emoção
Se aloja dentro de mim
Não sei se ela é boa ou não
Nem qual será o seu fim.

Sei que me excita e devora
E me causa ansiedade
E me leva estrada fora
À procura da verdade.

Mas a estrada não tem fim
E a verdade também não
Assalta-me a sensação
Duma dúvida ruim.
A claridade se ofusca

Dominam agora as trevas
Ó minha incessante busca
Vê lá pra onde me levas.
A desistência me aflora

A desistência me aflora
O já débil pensamento
A emoção foi-se embora
Em mim fica o desalento.

SOLIDARIEDADE

solidariedade.jpg

Sucumbindo ante a vaidade
Os homens são mais precários
Deixam de ser solidários
Perdem a identidade.

Surdos não ouvem os gritos
Dos sofrimentos alheios
cegos nos seus devaneios
Não reparam nos aflitos.

Rejeitam o desengano
Longínquos da claridade
Luz que a solidariedade
Derrama no ser humano.

Do mais jovem ao mais velho
Há sempre alguém que mendiga
Uma ajuda, um conselho
Ou uma palavra amiga.

Quem os outros auxilia
Das trevas derruba  muros
Revendo-se na alegria
Dos que liberta de apuros.

NUNCA FUI UM DESTEMIDO

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A inquietação que sinto
Traz-me sempre angustiado
Sendo certo que não minto
Porque é que ando envergonhado?

E a aflição assaz feroz
Que teime em me acompanhar
Por vezes me embarga a voz
E não me deixa falar.

No silêncio da penumbra
Já eu caminho perdido
Nunca fui um destemido
E o meu medo até retumba.

Não domino este pesar
Que me acabrunh o ser
E não me deixa sonhar
Com um novo amanhecer.

Difusa se escoa a vida
Desta alma que é a minha
Numa constante descida
Que de bom nada adivinha.

O CAOS

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A vida sempre espinhosa
Me absorveu e transformou
Na massa falaciosa
Que reconheço que sou.

Imprecisões e lacunas
Num brusco levantamento
Como as areias das dunas
Empurradas pelo vento

Se espalham e contaminam
Os juízos que eram sãos
E emperram com os seus grãos
As ideias que me animam.

Tergiverso contraído
Pelo meu terrível caos
Cheio de presságios maus
Que me deixam deprimido



Entrámos prá CEE
Crentes numa melhoria
Tanto como parecia
Afinal ela não é...

CONTEMPLATIVO

rochedos.jpg

Contemplo os rochedos imponentes
Alcantilados sobre um mar tão ameno
Que as ondas vão brincando inocentes
E eu me vou sentindo mais sereno!

Uma gaivota esvoaça atrás dum barco
Sulcando as águas que se tornam espumosas
E o olhar de tanta beleza cheio e farto
Já não se lembra das horas tristes e brumosas!

Ao longe vejo barcos de arrasto
Trilhando rotas bem definidas
Deixando atrás de si um longo rasto
Sobre as águas revolvidas.

O reflexo do sol sobre as águas
Desperta-me a atenção adormecida
E lavadas todas as mágoas
A minha alma emerge desoprimida...

Quero adormecer contemplativo
E de manhã de olhos bem acordados
Por esquecimento compulsivo
Não me recordar dos pesadelos sonhados...