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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

A FALSIDADE

A falácia das palavras

No dizer de certa gente

Nada mais são do que aldrabas

Que enclausuram o inocente.

 

Se bem que a falsa ternura

E a cortezia fingida

Logrem qualquer criatura

Não será por toda a vida.

 

Lá diz o velho ditado

No seu julgar rigoroso

Mais depresa é apanhado

Do que o coxo o mentiroso!

O PRÓXIMO



Tenho escutado muita gente
De entre os que falam... falam de Deus
Muitos de forma eloquente
Para os quais não sou um  próximo dos seus...

Também chamava a atenção de Cristo
A apostolagem escandalizada
De uma mulher que aos gritos
Lhes seguia na peugada...

Voltasse à terra o Nazareno
Por certo para mim ele olharia
E humano não me recusaria
A proximidade que a todos nós serena...

Se parássemos de falar como grandes crentes
E observássemos o silêncio que exaltamos amiúde
Refrescar-se-iam as nossas mentes
E talvez fosse outra a nossa atitude...

Dedicado à animadora de rádio (RFM), joana Cruz.
(Tenho vindo a percorrer, a pé, parte dos concelhos de Setúbal, Palmela, Moita, Barreiro, Montijo e Alcochete, e algumas artérias do concelho de Lisboa, daí que me considere uma pessoa bastante ocupada...) 

SEMEADOR DE ILUSÕES



Julgava conhecer a tua vida
E ainda mais saber quem tu és
Vã ingenuidade perdida
Vela solta do gurupés.

São pontiagudos vítreos pedaços
As palavras ditas que tu lês
Caminhos trespassados de fortes laços
Que pisas onde quer que ponhas os teus pés.

Densas camadas e mais camadas
Ao longo do teu ser tu sobrepões
Semeador incauto de fúteis ilusões
Casa de portas sempre fechadas.

Espessas amarras eternamente
Prendem-te o barco que devia navegar
Estás aqui mas vives ausente
Não lês as palavras do teu falar...

O céu estará sempre encoberto
Não enxergando o que se alonga na distância
Perdem-se os teus olhos no que vês perto
Pouco sabes menor é a tua ignorância!

RATO HUMANO



Enovoa-se a serra ora gemente
Uma cortina em frente dos meus olhos
Nuvens vestem o céu de densos folhos
O sol pouco ilumina a nossa gente.

Já não existe a flora de outras vidas
A fauna são só répteis de emboscada
A montanha dos fogos descarnada
Pariu um rato humano às escondidas.

Os degraus das escadas ninguém sobe
Galgam-nas em pueril fatal loucura
Alcançam uma côdea de pão dura;

A vã razão do homem não encobre
A grandeza dos répteis naturais
Tão nobres pois não são nossos igais!

O CONDENADO



A morte por dentro da própria vida
Traz consigo o condenado injustamente
Todos os dias faz a despedida
De ninguém e de toda a gente.

Os equívocos corrosivos dos corroídos
Que de humano só têm o tabernáculo
Roubam à vida todos os sentidos
Porque a razão lhes é um eterno obstáculo.

O pano cerzido com perfeição
Será sempre um pano remendado
Igual ao remendo da ilusão
Que ilude os juízes do condenado...

A MINHA MÃEZINHA



A minha mãe é uma princesa
Uma princesa de verdade
Não que seja da realeza
Mas porque é feita de bondade.

Quando me lava veste e penteia
Fala-me sempre com brandura
Diz-me tudo com duçura
Olha-me com olhos de lua cheia.

Gosta de brincar comigo
Fica feliz se me vê a rir
Presta atenção ao que lhe digo
Canta para me deixar dormir.

A minha mãezinha como eu a adoro!
Ela nunca me trata mal
Quer eu ria quer eu chore
O seu amor é sempre igual.

Quando adoeço muito activa
Tudo faz para não me ver sofrer
Parece capaz de morrer
Para me dar a sua vida!

MÃES... e MÃES!



Fosse minha a tua mãe
Como eu seria feliz
Que a minha não me quer bem
Se afirmo ela não me contradiz.

Quem tem uma mãe tem tudo
Eu tenho e não tenho nada
Nunca foi pessoa amada
Mesmo quando era miúdo.

Ter uma mãe emprestada
Se calhar será melhor
Do que ter o desamor
Duma mãe desnaturada.

Não será uma moda louca
Vermos que cada vez mais
Os filhos se agarram aos pais
E as mães a um cigarro na boca?

O pai cuida do filho com jeito maternal
Enquanto a mão observa despreocupada
Da mãe que era tudo já não resta quase nada
Após o corte do cordão umbilical.

Faz pena e causa muita tristeza
Que a mulher por sua iniciativa
Perca a sua maior riqueza
Prescindindo da sua maior prerrogativa!

PEQUENA AVENTURA

complicado.JPG

Quando não faz muito vento nem frio
Gosto de ler sentado à beira-mar
Erguer os olhos e ver algum navio
Que vá a partir ou venha a chegar.

Três casais de melros quando é tempo
Constroem cada um em sua parte
Ninhos que são puras obras de arte
Resistentes quer à chuva quer ao vento.

Ao fim de catorze dias de choco
Eclodem dos ovos os filhotes
Que após catorze dias já grandotes
Deixam o ninho agora um depois mais outro.

As primeiras horas são cruciais
Para a sobrevivência destas crias
Que alimentadas pelos pais
Já voam bem passados poucos dias.

Outra postura já vem a caminho
Fazem três em cada ano
Usar mais uma vez o mesmo ninho
Também pode fazer parte do plano.

Bancos de jardim e livros de leitura
Árvores pássaros e ninhos
Porto de Mar águas e navios
São as premissas duma pequena aventura!

A FOZ DO SADO

That the light house of Sado Island

Batem na escura muralha uma a uma
As ondas salgadas da foz
Por entre o rendilhado da espuma
Chega o marulhar da sua voz.

São tantas as voltas que dão
Até chegar ao seu destino!
Na margem após rebentação
Oferecem um bordado lençol de merino.

Ora se elevam muito alto
Enroladas numa esbelta curvatura
Ora se lançam num grande salto
E se convertem numa suave planura.

São as águas dum rio maravilhoso
Que na foz se juntam com as do mar
No imenso abraço amoroso
Da baía que se alarga para as acoitar!