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Sem quartel e sem guarida
E com armas desiguais
Perdemos cada vez mais
Nesta luta pela vida .
Os abutres nos rodeiam
Decidem a nossa sorte
E, nos condenando à morte,
Sequiosos se banqueteiam...
Os embustes são urdidos
De maneira natural
E até parece normal
Vivermos empobrecidos...
É tão escasso o nosso pão
E alienante é a cultura
Reina aqui nesta nação
Uma nova escravatura...
Nos trazem acorrentados
Ora sem elos de ferro
E,como que num desterro,
Nos mantêm deserdados ...
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Um homem não é de ferro
Nem pode cuspir pró ar
E sabe que o seu enterro
Alguém há-de ver passar...
O ferro nem sempre é aço
Todos deviam saber
Pra não fazer de palhaço
Como há quem ande a fazer...
Não são os metais ferrosos
Por mais que se diga bem
Os metais mais preciosos
Que o nosso planeta tem...
Não vale a pena fugir
Ao destino já traçado
Todos têm o seu fado
Não há quem se fique a rir...
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Até quando continua
A minar-nos tal maleita?
É preciso pôr na rua
Esta malévola seita...
Como andava distraído
O votante que labuta
Ao dar maioria absoluta
Aos que o têm perseguido...
Estes são aqueles que outrora
Roubaram a trabalhar
Os reformados que agora
Voltam de novo a roubar!
Um imposto sobre outro imposto
O antigo complementar
Fora só um pressuposto
Do que nos iam roubar...
Se votarmos revoltados
Nos que antes nos revoltaram
Seremos sempre roubados
Plos votos que nos lograram...
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Após uma chicana sucessiva
Só nos faltava uma sucessão
Já se juntou o rei à sua comitiva
E o presidente deu-lhe a sua mão!
Vão servir-nos cavalas em filetes
Vão tirar-nos barrigas de misérias...
Vão contar-nos mais umas tantas lérias
Que trazem o mau cheiro das retretes!
Portugal, Portugal, sempre pior!
Qual farol que não brilha há muito tempo
Nada diz que amanhã será melhor
E a tua gente vive em desalento...
Só do povo virá força maior
Que varra a nossa Pátria como um vento!
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Não há em Portugal uma princesa
Como não há um reino em Portugal
Numa tourada à velha portuguesa
Vai toureando um Duarte original!
Já vai causando imensa estranheza
Deste Duarte a causa irreal
Um pretendente a rei do Portugal
Republicano e livre da nobreza!
D. Duarte da terra prometida
Qual Israel errante e vagabundo
D. Quixote figura entristecida!
D. Duarte um homem oriundo
Dum reino em que o rei não tem guarida
D. Duarte é um rei do fim do mundo!
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Vinte por cento fazem dois milhões
De pessoas que vivem na pobreza
Sem esperança ou qualquer certeza
De alguma vez sair de privações...
Governo iniciado com acções
Insensíveis que roçam a torpeza,
Que envergonham a Pátria portuguesa,
Que agravam as já parcas condições...
O país foi entregue a figurões
Que se comportam como seus patrões
Desprezando quem nele bem moureja!
Que Deus guarde o seu filho doravante
Que havia de sofrer muito perante
Esta Félix doutrina da igreja...