Sob as nuvens quase brancas
E a luz difusa da lua
De costas e toda nua
Acolheste me entre as ancas.
Nada ficando por certo
Nessa noite de loucura
Vejo-me a sonhar desperto
Que vens à minha procura.
Anseio por viver de novo
O que tanto me enlouqueceu
E sentir que me dissolvo
No melhor que alguém deu.
Um rumor um sobressalto
O teu dorso que me anima
E já solto um grito alto
Tendo o meu peito por cima...
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Há quem goste de limões
E os que preferem diospiros
Há os que soltam suspiros
Quando vêem os botões
Da blusa que tens nos ombros
E querem desabotoar
Para fogosos beijar
Os teus seios tão redondos.
Ou talvez passar a mão
Por algo mais quente ainda
Como dar um apalpão
Na coisa que tens mais linda.
Sinto um excitante calor
No meu corpo que te imagina
Se calhar será melhor
Pular-te já para cima.
Não fiques arrepiada
Nem te ponhas a correr
Aqui na cama deitada
É que me vais conhecer!
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Menina que vens de saia
Do vento não a segures
Deixa que o olhar me caia
Na seda que tens algures.
Quero invejar o tecido
Que se agarra à tua pele
Soltar de mim o gemido
Que o desejo não repele.
Deixa que o novelo negro
Que te faz nicho entre as pernas
De ti me diga um segredo
A mim me agite os espermas.
O vento não é estulto
Se te envolve no seu sopro
E me provoca este vulto
Que me vai deixando louco.
Mulher homem e o vento
Trilogia dum segundo
Sopro que põe ao relento
Toda a beleza do mundo!
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Passei sob uma janela
Atrás de cuja vidraça
Uma mulher muito bela
Cativa quem por lá passa.
Voltei a passar por lá
Sem saber porque razão
Andei de lá para cá
Ao ritmo do coração.
Ergui os olhos e vi...
Não podia acreditar
De coração a pulsar
Ali mesmo me perdi.
Mas antes de me perder
Eu entrei no paraíso
Por via do seu sorriso
Que me deixou logo a arder...
Despidos de preconceitos
O início era já fim
Eu em ela e ela em mim
Por caminhos tão direitos...
Era uma linda paisagem
Dois picos e uma vereda
Por onde um homem se enreda
Como um animal selvagem...
Rios quentes que corriam
Aqueciam bem os ares
Mas os corpos já diziam
Que o amor traz os pesares...
A vereda me levou
A um destino sem regresso
Ainda hoje eu lhe peço
O amor que por lá ficou.
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A semente foi lançada
Colhido já foi o fruto
Belo,forte e resoluto
Da Primavera alcançada...
Era o seu desabrochar
Numa flor de laranjeira
Logo tornada a cegueira
Do furor a cavalgar...
Entrelaçados,enfim,
Num louco e ébrio torpor
Dentro dela e de mim
E dentro do nosso amor
O rubro e tenso furor
Após cobiçosa espera
Esvaiu-se nesta flor
A cheirar a Primavera...
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Pudesse eu sem embaraço
Levar a sentir o Céu
O teu corpo num abraço
Todo envolvido no meu.
Levar-te-ia, ó pomba branca,
A te sentir lá no Céu
Encostando a minha anca
À anca do corpo teu.
Imbuídos num mistério
Sempre novo a descobrir
Dar-nos-ia refrigério
O deixar-nos esvair.
Plo amor arrebatados
Que nunca pela razão
Nossos corpos enlaçados
Dariam um corpo são!
O calor da minha fonte
Acenderia, ó minha amada,
As cores do horizonte
Na penumbra da madrugada!
Dizem por aí e eu sei
Que é verdade o que se diz
Porque também escutei
Ais atrás do chafariz.
Não sei quem seria ela
A que dizia a gemer:
Cuidado que faz doer
Vê se entras com mais cautela.
Cedendo à curiosidade
Lá dei uma espreitadela
Por cima das costas dela
Alguém tinha copulado.
Era tarde pra queixume
Os ais não valem de nada:
Já ninguém apaga o lume
Da fogueira bem ateada.
Talvez que fosse mais forte
O oh, oh que ressoou:
O gemer se dissipou
Estava lançada a sorte...
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Não há moça que não goste
De dar um passeio ao campo
Embrenhar-se nalgum bosque
E esconder-se num recanto.
Como é virgem e tem medo
De uma gravidez precoce
Ajoelha-se e em segredo
Reza um longo padre nosso.
Ora baixo qual noviça
Mas mexendo bem os lábios
Talvez por conselhos sábios
De quem lhe ensinou a missa.
Desfrutando do sossego
Não apressa a sua reza
Nem suspeita do conchego
De duas mãos na cabeça.
Num repentino alvoroço
Que lhe causa admiração
Recebe do padre nosso
O fruto da oração
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O peito nas costas colado
As mãos nos seios ufanos
O pénis dentro do ânus
Num vaivém ensimesmado.
Nos cabelos dá mil beijos
A boca em ritmo infernal
Emancipam-se os desejos
De penetração anal.
Um sussurar abafado
Sai das vozes com fervor
Sãos sons de prazer e dor
Ecos de ânus penetrado.
Do acto sobe a tensão
Até que cai no marasmo
Ela é toda imolação
Ele --- apenas um orgasmo...
Numa férrea intimadade
São formas de exaltação
O amor na diversidade
Sem que haja profanação...
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Amanhã se deus quiser Outro dia nascerá E o corpo doutra mulher O meu membro acolherá.
Sua mão aveludada Tacteando com brandura Erguê-lo-á na 'spessura Da sua cor encarnada.
Com os seus lábios carnudos Orlará o meu inchaço E entre os seus seios desnudos Afagá-lo-á num abraço.
No meio do seu regaço Untar-se-á o meu rubor Pra que lábil ganhe espaço No oco posterior!
Todo o corpo feminino (Não fora a profanação) É fonte de amor angelino Em toda a sua extensão!
Afagos das tuas mãos Afastam de mim o frio Florescem numa erecção Que apunham ao desafio...
Com tuas mãos ao redor O meu falo se alevanta Aquece e expulsa o calor Em jactos de goma branca.
| Tua cabeça agitada É poiso das minhas mãos Quando a erecção osculada Se liberta dos seus grãos!
Inefável união Da tua tépida boca Com a minha erecção Que solta a semente louca!
Belo o sulco do teu peito Ladeado de duas damas Casadas bem a preceito Com minha erecção em chamas,
Banhadas pela brancura Que de mim sobre elas cai Quando cheia de loucura Pula da erecção e vai...
Teu ânus libidinoso Deglute a minha erecção Num espasmo sequioso De rara sublimação.
O meu membro se incorpora No teu ânus que o reclama E copioso se derrama No âmago que o devora.
Não fosse ela uma regina Não chegaria no fim Por isso que é feminina E mais amada por mim!
Talvez por falta de zelo As palavras escasseiam Não é por falta de anelo Que a vagina aqui rareia... |