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VERSOS RIMADOS

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

Versos de amor, de crítica, de meditação, de sensualidade, criados ao sabor da rima e da métrica pelo autor do blog...

REI DO FIM DO MUNDO

reifimmundo.jpg

Não há em Portugal uma princesa
Como não há um reino em Portugal
Numa tourada à velha portuguesa
Vai toureando um Duarte original!

Já vai causando imensa estranheza
Deste Duarte a causa irreal
Um pretendente a rei do Portugal
Republicano e livre da nobreza!

D. Duarte da terra prometida
Qual Israel errante e vagabundo
D. Quixote figura entristecida!

D. Duarte um homem oriundo
Dum reino em que o rei não tem guarida
D. Duarte é um rei do fim do mundo!

COMO TRAZIAM OS NORMANDOS

pedras.jpg

São muitos e tão grandes os desmandos
Dos que falam na Rádio e Televisão
Que me assalta uma forte indignação
Ao ouvir jornalistas e quejandos...

Como é que diplomados tão nefandos
Vão conseguindo a sua aprovação
Trazendo à língua tal devastação
Como às terras traziam os Normandos?

Para eles a sintaxe é tábua rasa
O purismo total é uma regra
A dicção é um ferro sempre em brasa

Que nos queima a pronúncia e a desregra:
Sem a Norma-Padrão tudo se arrasa
Tornando a fala dura como pedra...

ESSE ORGULHO DE SER EM PORTUGUÊS

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A língua portuguesa é poesia,
Sangue vivo que corre em nossas veias,
Vento fresco que leva e traz ideias,
Voz dum povo que soa a melodia!

Ó povo, ergue a voz, chegou o dia!
De prender bem os vícios seus com peias,
De limpar do seu rosto sujas teias
Que lhe roubam beleza e harmonia!

Vós, que falais pra grandes multidões,
Nas Rádios e também nas televisões,
Usai a vossa voz com sensatez!

Sendo pura a voz, puro é o seu povo.
A virtude da língua mantém novo
Esse orgulho de ser em português!!!

O ARROGANTE

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Jamais alguém se arvora superior
A todos os que o julgam com desdém
E se igualam a Deus Nosso Senhor,
Pois julgar só Deus pode e mais ninguém!

Ó homem! tu, que dizes crer em Deus,
Mas negas amiúde as Escrituras,
És tanto ou menos crente que os ateus
E desgostas a Deus lá nas alturas!

A Jesus tornas menos glorioso
Que o ateu que lê as Escrituras
À busca do farol mais luminoso...

A mal-aventurada criatura
Que não alcança o trilho venturoso
Do que tu não tem alma mais impura!!!

EM QUE AS VACAS SÃO SAGRADAS

 

O reflexo da luz duma lanterna
Num muro velho dando já de si
Numa rua sombria de Dili
Que fica numa zona mais interna...

Cabisbaixo abandona uma taberna
Uma mulher vestida de sari.
Uma jovem bonita por aqui?!
Somente vai ter paz na vida eterna...

Na Índia onde as vacas são sagradas,
Tantas filhas serão indesejadas
Porque os seus pais aos noivos pagam dote...

São muitas as mulheres ofendidas
Que vivem o seu fado entristecidas
E de cabeça baixa até a morte...

NÃO QUEIRAIS SER MAIS PEQUENOS

 

Não venceram o cabo das tormentas
Nos seus navios quais cascas de noz;
Na velocidade perdem muitos nós
As naves portuguesas algo lentas...

Após bastantes horas turbulentas
O clamor dos egrégios seus avós
Exige uma equipagem mais veloz,
Mais forte para as próximas contendas...

Heróis da bola, nossa nobre equipa!
Um herói futebolista nunca fica
A ver passar navios dos helenos;

Avançai e mostrai a valentia
Das naves portuguesas,com mestria,
Que os gregos não queirais ser mais pequenos!

OS POETAÇOS

 

Cortam as suas prosas em pedaços
Aos quais infelizmente chamam versos
E de cortes de prosa desconexos
Atulham volumosos calhamaços...

São pecos e sombrios poetaços
que 'screvinham em seus papéis diversos
Projectos de poemas tão complexos
Que se enredam nos próprios embaraços...

Co'as suas penas ásperas e 'streitas,
Ineptas e de ideias rarefeitas,
Destacam estas mentes inovadas

Umas pausas que marcam os assombros,
Os ritmos sincopados e os tombos
Das linhas que vão sendo retalhadas!

OS POETAS MODERNOS

 

Um nó que fortemente me oprimia
Me levou a compor este poema
Que aborda, ao de leve, um nobre tema
E tem um certo humor e fantasia...

Não aprecio aquela poesia
Que atropela a sintaxe por sistema
E à qual não se coloca o são dilema
Da escolha entre o rigor e a anomalia,

Nem os poetas modernos que, perplexos,
Se entreolham dum olhar feito de espanto
Quando uns aos outros lêem os seus versos

Tão livres e 'sbatidos sobre o branco
Numa triste tristeza muito imersos
Sem medida, sem ritmo, sem encanto!!!

NUVENS BRANCAS EM FOLHAS DE PAPEL

 

Os leitos empedrados e arenosos
dos rios de água doce já vão secos...
Chilreiam rouxinóis que lembram recos
chafurdando em terrenos pantanosos...

Os frutos suculentos saborosos
murcham em ramos mortos como cepos...
Insensíveis ressoam muitos ecos
que nos trazem recados ruidosos...

Rimas pobres e ricas se afogaram
entre as águas dum mar surdo e cruel
de cujas profundezas se elevaram

linhas livres amargas como o fel...
e aladas pelo vento se espalharam
nuvens brancas em folhas de papel!

A REVOLTA ORGULHOSA

 

Se não se colhe a tempo o fruto cai
de maduro e no chão logo apodrece
e há muito boa gente que se esquece
do que se fez em tempo que lá vai...

Muitas vezes, ingrato, se distrai
o povo e, esquecida, desmerece
a generosidade qual benesse
dum ídolo na hora em que descai...

Eterno só é Deus e há que pensar
que a juventude um dia esmorece
e é preciso saber continuar...

A sensatez amiga favorece
a lucidez que obriga a rejeitar
a revolta orgulhosa que enlouquece...